Produção do MST no Rio Grande do Sul manteve solo preservado mesmo depois enchentes
6 min readQuase três milhões de hectares de terras do Rio Grande do Sul perderam a fertilidade depois o impacto das enchentes que devastaram o estado em maio, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rústico (Emater). A enxurrada levou secção dos nutrientes necessários para o plantio, tornando necessário um projecto de recuperação do solo que pode persistir meses ou até anos, dependendo do estrago.
Mas isso não aconteceu no assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST) Integração Gaúcha em Eldorado do Sul, região metropolitana de Porto Jubiloso.
O sítio foi tão afetado quanto o resto da cidade, que chegou a permanecer 100% submersa. Todo o plantio ficou debaixo da chuva e foi perdido, assim porquê toneladas de produtos que estavam armazenados. Mas a produção foi retomada menos de três meses depois do sinistro, ao contrário de outras propriedades rurais da região, que ainda tentam se restaurar dos estragos.
A diferença foi o tipo de manejo do solo realizado pelos assentados. Em vez de deixar a terreno “pelada”, só com o plantio da estação, o assentamento tem uma cobertura vegetal rica. E, em vez de produzirem só um determinado tipo de resultado, eles respeitam as épocas dos mantimentos e fazem rotação de culturas. Isso ajudou a brecar a erosão e, consequentemente, a perda de fertilidade.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federalista do Rio Grande do Sul (UFRGS) analisou amostras do solo do sítio e atestou que a qualidade do solo se manteve quase inalterada.
Por que isso importa?
- As enchentes de maio deixaram três milhões de hectares improdutivos no Rio Grande do Sul. Mas isso não aconteceu no assentamento do MST em Eldorado do Sul, onde, somente três meses depois da tragédia, a produção já foi retomada. O sigilo está no manejo do solo realizado pelos assentados.
“Nós procuramos fazer uma série de ações de suporte depois a catástrofe em Eldorado do Sul. Uma das ações foi a coleta de amostras de solo, para verificar possíveis alterações resultantes da enchente. O que percebemos foi que, na verdade, não houve diferença significativa nas características físicas e químicas”, disse o professor Paulo César do Promanação, um dos autores. “Os resultados são típicos para aqueles solos que são utilizados para o cultivo de hortas. Por exemplo, o solo não está ácido e temos teores altos de nutrientes porquê fósforo e potássio”, continua.
Ele explicou que o terreno de Eldorado do Sul é relativamente projecto, fazendo com que a enxurrada não tivesse tanta força quanto em outros lugares do estado. Isso ajudou a manter secção da cobertura. Ainda assim, a superfície ficou quase 30 dias porquê se estivesse dentro de um grande lago.
“Pode-se julgar que o manejo também ajudou, principalmente pela manutenção do solo enroupado, rotação de culturas, entre outros. Logo, pode-se manifestar que o manejo característico do sistema de produção orgânico teve uma imposto para manter as características do solo praticamente inalteradas”, explicou o professor.
Poder-se-ia esgrimir que isso faz sentido para a produção familiar, em pequenas propriedades, mas não é o caso. O assentamento tinha a previsão de colher mais de 100 milénio sacas de arroz somente nesta safra – ou 7,5 milénio toneladas. A produção de hortaliças também é grande, e abastece as feiras orgânicas da capital.
Assentados querem se mudar
O Integração Gaúcha foi criado no início dos anos 1990, com famílias de várias regiões do Rio Grande do Sul. O sítio era do Instituto Rio Grandense do Arroz, mas estava menosprezado – tinha somente algumas árvores esparsas. Ao longo das últimas três décadas, os moradores o transformaram em um dos maiores produtores de arroz orgânico do estado, além da produção de leite e de mais de século tipos de hortaliças que são vendidas em feiras da região de Porto Jubiloso.
O assentamento fica a mais de cinco quilômetros de intervalo do rio Jacuí, logo, apesar de ser uma região que costuma ter alagamentos, eles não costumavam chegar até a superfície do MST.
No dia 2 de maio deste ano, porém, a chuva chegou. As famílias receberam o aviso de que deveriam deixar suas casas, mas estavam descrentes. Treze pessoas que demoraram a transpor tiveram que ser resgatadas depois, com um navio comprado com vaquinha dos próprios assentados.
De congraçamento com os moradores, a prefeitura de Eldorado do Sul não enviou ajuda a tempo – até porque o município inteiro estava em estado de calamidade –, logo tiveram que se virar. Ainda assim, o assentamento hoje doa mais de milénio marmitas por dia para abrigos na cidade e em Canoas, com mantimentos produzidos no sítio.
José Mariano Matias, um dos assentados, achava que as maiores dificuldades que passaria na vida seriam os cinco anos e meio acampado antes de o terreno ter sido talhado à reforma agrária e, depois, o período da pandemia, quando as vendas caíram e a produção se tornou praticamente para subsistência. Mas zero se comparou à enchente.
“A gente está cá há 33 anos e nunca tinha vivido zero deste tipo. A maioria saiu com a roupa do corpo, foi uma prova de resistência”, afirma.
Seu fruto, Gabriel Matias, que estuda agronomia, diz que, apesar de o impacto ter sido grande, o trabalho agroecológico deixou a terreno mais íntegra. “A cobertura do solo formou uma barreira que não deixou a chuva levar”, diz. “E, por ser um solo rico, formou-se uma ‘casquinha’ na superfície que não deixou a chuva penetrar.”
Os agricultores acharam que iam demorar um ano para voltar a produzir e se surpreenderam com a resposta rápida do solo. “É muito tempo trabalhando de forma ecológica, logo a terreno se protegeu”, afirma Rose Porto, outra assentada.
Logo depois do sinistro, a maioria das famílias queria reivindicar uma novidade terreno. Agora, depois o início da retomada da produção, o número baixou, e estima-se que menos de um terço ainda tem esse libido.
Amarildo Mulinari, produtor de arroz, é de uma das famílias que quer deixar o lugar por pavor de novas enchentes. Neste caso, as famílias têm que ser inseridas novamente na fileira da reforma agrária e esperar por novas terras destinadas a esse termo.
“Esse sinistro tem nome, é a ganância do agronegócio. É descarada a ruína dos biomas. Não temos incerteza que a chuva vai voltar porque os rios vão assorear, não tem mata ciliar. Nós somos só um pedacinho, não adianta só cá fazer visível e todo o resto continuar desse jeito”, diz.
“Continuamos apoiando o governo, mas a ajuda não está chegando na ponta”, reclama, sobre a gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é historicamente desempenado ao MST. Mulinari diz que os assentados receberam os R$ 5,1 milénio de auxílio do governo federalista, porquê todos os outros impactados pelas enchentes, mas precisam de ajuda para retomar a produção porquê era antes. Uma petardo para regadura de arroz, que foi perdida na enchente, custa R$ 35 milénio. “Nós doamos dez caminhões de mantimentos durante a pandemia, mais de 54 milénio marmitas para os desabrigados só em julho. Queremos colaborar, mas também precisamos de ajuda.”
O governo federalista informou, em nota, que está tomando medidas para as áreas de reforma agrária atingidas pelas enchentes através do Incra. Foram abertos um totalidade de R$ 172,8 milhões em créditos extraordinários para essas demandas. Em Eldorado do Sul, 390 famílias serão atendidas com aproximação a crédito e 79 pela risco habitacional, para as que tiveram as casas danificadas.
“Paralelamente”, diz a nota, “o Incra também oficiou a Secretaria de Desenvolvimento Rústico do Rio Grande do Sul manifestando a intenção de identificar potenciais imóveis rurais de propriedade do governo estadual para obtenção onerosa e destinação ao reassentamento. Outrossim, a regional do Incra está realizando avaliações em áreas ofertadas por particulares, e prospectando imóveis junto ao Banco do Brasil e em cadastros de devedores da União.”