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Memórias apagadas: governo de São Paulo vende cárcere político usado na ditadura militar - Mundo News
14 de Agosto, 2025

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Memórias apagadas: governo de São Paulo vende cárcere político usado na ditadura militar

13 min read
Vendido por menos de 50% do preço de mercado, Presídio do Hipódromo abrigou presos famosos como...

Enquanto a lar que serviu de cenário para o filme “Ainda Estou Cá” será transformada na Morada do Cinema Brasílico, o imóvel usado na gravação de outra premiada película brasileira ambientada na ditadura, “O Ósculo da Mulher Aranha”, foi vendido pelo governo do estado de São Paulo.

No final de outubro de 2024, o terreno do vetusto Presídio do Hipódromo, de 4,4 milénio metros quadrados, foi integralizado ao Fundo de Investimento Imobiliário do Estado de São Paulo (FIISP), plataforma de delírio de imóveis e patrimônio público do governo estadual, pelo valor de R$ 11,1 milhões.

Por que isso importa

  • O presídio do Hipódromo é considerado um marco histórico da capital paulista e do país tanto pelo seu uso uma vez que esplendor repressor da ditadura militar, quanto uma vez que locação de produções que marcaram o audiovisual brasílico.

De tratado com a escritura a que a Pública teve entrada, o FIISP, representado por sua administradora fiduciária, Singulare Corretora, tornou-se proprietário do imóvel em 02 de junho de 2025.

Segundo avaliação da consultoria imobiliária Binswanger, o valor do metro quadrângulo na região é de R$ 5,8 milénio a R$ 6,4 milénio. Ou seja, o imóvel do vetusto presídio teria valor de mercado entre R$ 25,2 milhões e R$ 27,8 mi. Mais que o duplo recebido pelos cofres públicos paulistas com a negociação.

A Pública tentou contatar a operadora do Fundo, Veritas Capital, por e-mail e telefone, para perguntar sobre as circunstâncias da negociação, mas não obteve retorno.

A venda do terreno faz secção da política do governo de dispensar áreas subutilizadas. “Não dá para permanecer se apegando à dimensão, patrimônio. Isso é uma lógica meio patrimonialista”, disse o governador Tarcísio de Freitas em entrevista ao G1, em outubro, ao tutorar a venda de secção de uma herdade histórica em Campinas [SP].

“Mas uma vez que foi vendido?!” indagou, incrédula, a psicanalista Maria Auxiliadora de Almeida de Cunha Arantes ao saber da venda do imóvel. No final de 1976, ela visitou o marido, Aldo da Silva Arantes, e outros presos políticos no Hipódromo. “Esse lugar deveria ser um lugar de memória. Várias pessoas foram torturadas e mortas lá”, afirma.

Situado na Rua do Hipódromo, uma insuspeita via residencial no bairro do Brás da capital paulista, o prédio funcionou por oito décadas uma vez que posto de assistência policial, presídio político, masmorra pública, departamento de saúde do sistema penitenciário e, nos últimos anos, unidade da Instalação CASA. Informalmente, serviu de cenário para filmes e novelas de TV a partir dos anos 1980.

Usado recorrentemente para os ditos “presos comuns”, o presídio foi também lugar de detenção para prostitutas e travestis. Durante a ditadura civil-militar, que durou de 1964 a 1985, recebeu dissidentes políticos enviados em maior número a partir de 1972, data da desativação do centenário Presídio Tiradentes.

Pouco mencionado hoje em dia, o Hipódromo se tornou secção do esplendor solene da repressão do estado nos anos de chumbo, a exemplo de DOPS e Oban/DOI-Codi. Foi, de tratado com o ex-deputado estadual e ex-presidente da Percentagem da Verdade do Estado de São Paulo, Adriano Diogo, o presídio predilecto do Esquadrão da Morte.

 “O diretor era ligado ao esquadrão. Havia chacinas quando os presos tentavam rebelião”, declara Diogo, que ficou encarcerado ali durante um ano e meio, entre 1973 e 1975.

Por suas celas passaram, entre outros, o ex-deputado federalista José Genoino, o ex-ministro dos Direitos Humanos e Cidadania Nilmário Miranda, a socióloga e ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres Eleonora Menicucci, o jurisconsulto e teatrólogo Idibal Pivetta, os jornalistas e ativistas sociais Ivan Seixas e Amelinha Teles, e a cantora Rita Lee – presa prenha, por porte de drogas.

Cantora Rita Lee foi uma das detentas ilustres que passaram pelo Presídio do Hipódromo

Em nota, a Instalação CASA informou que o imóvel está vago desde fevereiro de 2021 e que esteve sob responsabilidade da instituição até sua delírio. Uma empresa de segurança era a responsável pelo zelo patrimonial.

Presídio se torna esplendor da repressão

Ex-militante do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), Ivan Seixas explica que em 1972 a ditadura resolveu separar os presos políticos em pequenos grupos espalhados por presídios e quartéis. “Uma secção considerável dos presos encarcerados no Presídio Tiradentes deflagrou uma greve de inópia para evitar essa manobra, pois achava que a artimanha era para possibilitar a realização física de presos”, relata.

“Os grevistas foram levados para a Penitenciária do Estado e eu fui levado para o DOI-Codi para interromper a minha participação mediante espancamento e isolamento dos demais presos”, afirma.

Segundo ele, o estado de São Paulo passou a ter dois locais para presos políticos: o Presídio Tiradentes, para os não grevistas, e a Morada de Detenção (no Multíplice do Carandiru), que mantinha os grevistas. Com a desativação do Tiradentes em maio de 1973, para a construção de uma sucursal bancária, todas as presas e presos políticos foram levados para o Presídio do Hipódromo.

Na penitenciária do Brás, os prisioneiros comuns ficavam separados dos políticos, mas ambos viviam em um envolvente insalubre. “Eram instalações muito precárias, com falta de chuva ordenado e celas pequenas para acoitar muitos presos. As paredes e portas de grade eram pintadas com tinta grafite, o que acelerou minha miopia”, conta Seixas.

“A descarga do vaso sanitário das celas era acionada pelo lado de fora delas. Isso nos obrigou a fazer um protesto e a solução foi deixar as celas abertas e unicamente a porta de entrada, ao conjunto de celas, fechada”. Essa quesito, segundo Seixas, melhorava um pouco a situação.

“O recinto de sol era no terraço. Os presos políticos homens ficavam no último andejar do terceiro e último prédio do presídio. As mulheres eram mantidas também no último andejar do primeiro prédio”, descreve. Ivan Seixas ficou no Hipódromo de maio até novembro de 1973, quando foi transferido para a Morada de Custódia e Tratamento de Taubaté, um misto de penitenciária e manicômio.

“Foi tenso, mas politizado”, declara o ex-presidente do PT, José Genoino, sobre seu período de detenção no Hipódromo, em 1973. “As celas eram coletivas, com 15 a 20 presos, e havia discussão política. Era muito o prelúdios da distensão política e havia revelação estudantil por culpa da morte do Alexandre Vannucchi [estudante da USP morto no DOI-Codi]. Um dos estudantes presos foi Eliseu Gabriel, hoje vereador (pelo PSB)”, conta.

O ex-deputado federalista também ficou marcado pelo reencontro, na prisão, com sua companheira de vida e de luta, a ex-enfermeira Rioco Kayano, com quem está casado até hoje. “A gente se comunicava por sinais com as mãos e por cartas amarradas na ‘tereza’ [corda feita com lençóis]”, diz.

A tensão ordenado e as instalações degradadas ficaram registradas na memória da ex-militante de organizações de esquerda Eleonora Menicucci. “Mas, aos poucos, nós, as presas políticas, fomos melhorando o envolvente. O que mais me marcou foi quando cantávamos a “Internacional”, e os carcereiros jogavam chuva com a mangueira em nós. O mais importante foi o controle do espaço que conseguimos”, relembra a socióloga, que ficou presa por um ano na masmorra, entre 1972 e 1973.

Antes, Leo, uma vez que é conhecida, esteve detida no Presídio Tiradentes, na “Torre das Donzelas”, ao lado de Dilma Rousseff – que, em 2012, a escolheria para integrar seu governo.

Lugar de memória

O Presídio do Hipódromo foi listado entre os 233 locais que serviram ao regime militar para torturar e violar gravemente os direitos humanos, segundo levantamento feito pelo “Projeto República” da Universidade Federalista de Minas Gerais (UFMG). “O espaço deveria ser lembrado uma vez que lugar de memória, pois lá ficaram presos políticos por um período bastante largo”, considera Maurice Politi, diretor-executivo do Núcleo de Preservação da Memória Política (NM).

Ativista pelos Direitos Humanos e integrante da Percentagem de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Maria Amélia de Almeida Teles, a Amelinha, compartilha da mesma opinião. “Deveria ser um lugar de memória para presos políticos – e para presos comuns”, reforça. “Ninguém lembra do Hipódromo”, aponta.

Alguns ex-presos, todavia, nunca o esqueceram.

Memórias de uma presa política

Sobre o Hipódromo, Amelinha é incisiva: “todo presídio era ruim, mas aquele era pior. Tinha a pior comida, que era trazida num latão com vermes. Um fogareiro e comida foram, depois, levados por parentes”.

Algumas das adversidades enfrentadas na prisão, ela descreveu em seu livro “Contos da Quartinho Três – Memórias de uma Presa Política na Ditadura”, que contém três histórias ocorridas no Hipódromo. Um dos contos, “Mirinha e a Guerra por um Banho Quente”, narra a impossibilidade de uma detenta geral, negra, de usar o chuveiro quente – levante, um privilégio conquistado em seguida reivindicação das presas políticas. “Uma vez que ela era barrada pela direção do presídio, o sonho dela era ser ‘terrorista’, para poder tomar banho quente”, conta.

O termo “terrorista” ou “subversivo” era incessantemente usado pelo diretor da instituição, o Doutor Alfredo – um varão grosseiro e violento, segundo Amelinha –, para escolher os murado de 70 presos políticos. Os demais detentos passaram a identificá-los uma vez que sendo os “do terror”, uma vez que forma de tratamento.

Não vasqueiro, chuva, lodo e sujeira acumulados no solo das celas acarretavam acidentes graves aos detentos, uma vez que fratura de ossos. Mas o atendimento médico era demorado ou inexistente, mormente se o recluso fosse retido por motivo de “vadiagem” ou “viadagem”. Prostitutas, travestis, migrantes de outros estados e do exterior – alguns, recém-chegados à rodoviária no meio de São Paulo – eram levados pela repressão ao presídio do Brás.

Descrita no narrativa “Libertem os Corrós ou Libertem Nossas Bichas!”, do livro “Quartinho 3”, a perseguição aos chamados presos “correcionais”, os “corrós”, se tornou motivo de preocupação e de manifestações entre as presas políticas. A atitude de protesto das “terroristas”, contra a violência policial, angariou o reverência dos demais presidiários.

“Mesocarpo novidade” e Esquadrão da Morte

Na delegacia do andejar térreo aconteciam interrogatórios bastante violentos, acompanhados de gritos e pedidos de socorro, quase todas as noites. Os policiais forjavam o flagrante para justificar a prisão de pessoas inocentes, contra as quais não havia nenhuma denunciação.

Numa noite, um quidam retido se recusou a assinar o flagrante, relembra Amelinha Teles. Apesar do uso da violência pelos policiais, ele dizia que não assinaria o documento. Em seguida intensa sessão de espancamento, seus gritos foram diminuindo até que ele parou de gritar. Os protestos das presas não conseguiram impedir que a truculência da polícia o levasse à morte.

Na masmorra do Hipódromo, o estupro – a chamada “curra”, frequentemente praticada pelos próprios policiais – era usado uma vez que forma de tortura.

“Um momento muito difícil e cruel era quando chegavam presos comuns novos que eram jogados nas celas masculinas aos gritos dos carcereiros de ‘mesocarpo novidade’. Logo eram estuprados pelos ocupantes mais antigos, muitas vezes até transpor pedaços de intestinos”, revela Eleonora Menicucci. “Por conta da engenharia do prédio em forma de um quadrângulo, das janelas de nossas celas, ouvíamos e víamos todas essas torturas. Era horroroso e indignante”, recorda.

Adriano Diogo considera que 90% dos detentos eram relacionados ao temido Esquadrão da Morte, a milícia de extermínio comandada por Sérgio Paranhos Fleury, solicitador do DOPS/SP. “O diretor era ligado ao esquadrão. O Hipódromo era o presídio do Esquadrão da Morte”, garante.

Membro da Percentagem da Verdade de São Paulo, Ivan Seixas reitera que a milícia sequestrava suas vítimas preferencialmente em delegacias, mas, o Hipódromo era o principal presídio usado pela esquadra, em seguida a demolição do Tiradentes. “Na idade tinha uma lisura ‘lícito’, a prisão provisória, que permitia prender, sem avisar a Justiça, por três meses, e manter os presos escondidos em delegacias ou presídios. Esses eram os presos ‘correcionais’”, esclarece.

Santa Rita de Sampa enclausurada

Ainda em 1976, o presídio recebeu uma ilustre prisioneira: a roqueira Rita Lee. Prenha de três meses do primeiro fruto, ela foi condenada por porte de maconha, na versão da polícia, e para ser “usada de troféu”, na versão da cantora. Depois de dois dias no DEIC, ela foi levada para o Hipódromo, onde foi recebida pelas detentas com palmas e gritos de “Rita, Rita!” Em epístola ao companheiro Roberto de Roble, a cantora se dizia conformada em dar à luz na prisão e pedia a ele para não esperá-la.

O período detrás das grades, entretanto, não se prolongou. Em seguida oito dias no Hipódromo, a cantora foi julgada e condenada a um ano de prisão domiciliar e multa de 50 salários mínimos. Rita Lee chegou a grafar a música “X 21”, inspirada nos dias de cárcere em sua cubículo, o “xadrez 21”, mas a cantiga foi proibida pela repreensão.

A partir de meados dos anos 1970, o Presídio de Barro Branco, prisão da Polícia Militar na capital paulista, foi talhado a receber presos políticos. Com a Lei da Anistia, de agosto de 1979, o Hipódromo ficou restrito aos detentos comuns, e seu diretor viu-se finalmente livre das reclamações dos “subversivos”.

Produções audiovisuais

Cena do filme “O ósculo da mulher Aranha”, filmada no Presídio Hipódromo

Num dos períodos em que ficou fechado nos anos 1980, em seguida uma rebelião provocada por 880 presos, o soturno cadeião foi cenário do premiado filme de Hector Babenco, O Ósculo da Mulher Aranha. O espaço revelou-se propício para a ambientação de outras produções audiovisuais e, em 1999, foi reformado pela TV Record para gravações de cenas da romance Louca Paixão.

Em diferentes ocasiões, a instituição de quatro pavimentos serviu de locação para produções uma vez que a romance Torre de Babel (Mundo, 1998), a série Irmandade (Netflix, 2019) e clipes musicais de Supla e Gloria Groove, além de palco para a peça Apocalipse 1,11 (2000), do grupo Teatro da Vertigem.

Notícias que chegavam de lá

As cartas recebidas por Amélia Teles na masmorra foram seu meio de conexão com o mundo exterior. O momento da chegada da correspondência era ansiosamente aguardado pelas detentas. No dia da entrega, reforçava-se a segurança e o banho de sol era proibido, pois o diretor temia que as presas, ao receberem notícias de fora, tentassem fugir. As cartas vinham com selo “liberada”, algumas com páginas excluídas pela repreensão da direção.

As maiores mensagens eram dos dois filhos de Amelinha, com quatro e cinco anos, e traziam letras de pessoas adultas, desenhos e rabiscos coloridos feitos pelas crianças. Doutor Alfredo reclamava do trabalho de leitura: “a gente nunca sabe o que tem na cabeça de párvulo, filha de gente subversiva”. Numa delas, as crianças desenharam uma lar com a porta ensejo, e explicaram que era para que a mãe pudesse entrar na lar quando saísse da masmorra.

Celas para estrangeiros

Diogo menciona também a presença de estrangeiros ilegais na masmorra, com celas reservadas para eles. Militante na Federação Libertadora Pátrio (ALN), nascido no Egito, Maurice Politi foi um dos estrangeiros retidos no presídio.

Transferido para a cubículo reservada aos estrangeiros que seriam expulsos do país, ele permaneceu unicamente uma noite ali. “Pedimos, eu e meu jurisconsulto, transferência para a lado dos presos políticos, onde conheci Nilmário Miranda, Idibal Pivetta e outras pessoas”, lembra.

Réprobo por ter defendido causas de perseguidos políticos, o “subversivo” Idibal Pivetta se tornou um jurisconsulto informal dos presidiários. “Ele tinha sido colega de faculdade do diretor Alfredo e montou, numa sala do prédio, uma espécie de escritório de advocacia. Ele ajudou presos comuns e estrangeiros, além de transcrever para os outros presidiários a nossa situação”, revela Adriano Diogo.

Para Maurice Politi, que esperava ser solto depois de viver dois anos solitário numa cubículo, a presença de outros presos políticos amainou sua permanência de dois meses e meio no Hipódromo, em 1974. “Voltar ao convívio com os presos políticos, traumatizado uma vez que estava, aliviou um pouco minha quesito emocional”.

Idibal Pivetta, em 1973, retido no Presídio do Hipódromo

Termo da ditadura não aliviou “repositório de presos”

Publicado uma vez que “repositório de presos”, devido a prisões em tamanho ocorridas sob o pretexto de averiguações, o Hipódromo foi fechado diversas vezes por ser inapropriado a uma instalação correcional. Mas o incremento da população carcerária sempre levava à sua reabertura – com lotação para 650 presos, era a quinta penitenciária do estado, em capacidade, na dezena de 1990.

Denúncias sobre superlotação, tortura a presos, péssima alimento, falta de saneamento e de assistência médica eram frequentes, e motins não eram incomuns. A masmorra foi finalmente desativada em 1995, em seguida dois motins ocorridos no ano anterior que resultaram em carcereiros feitos reféns, uma morte, 53 feridos e fuga de 23 presos.

Nos anos 2000, em seguida ser cogitado o projeto de uma escola para adolescentes infratores, o lugar acabou por acoitar uma unidade da Instalação Estadual para o Muito-Estar do Menor (FEBEM) e sua sucessora, a Instalação CASA. Livre há quatro anos, o imóvel permanece, no entanto, historicamente associado ao Presídio do Hipódromo e suas histórias.

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