Aos 61 anos, ex-doméstica passa em 1º lugar para Ciências Biológicas da UnB
3 min readAos 61 anos, a história da dona Valdina Ferreira de Paiva é um exemplo. Ex-doméstica e mãe solo, a mulher batalhou para formar as filhas e agora virou caloura do curso de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB).
Por meio de uma seleção exclusiva para candidatos com mais de 60 anos, a mulher, que começou a trabalhar uma vez que doméstica aos 11 anos, foi aprovada em primeiro lugar no vestibular. O ingresso na universidade é a coroação de uma trajetória repleta de desafios.
Apesar de todas as dificuldades, Valdina nunca desistiu. Concluiu o ensino médico por meio da Ensino para Jovens e Adultos (EJA) e virou exemplo para muitos que acham que o tempo já passou. “Minhas filhas já fizeram faculdade e agora é a minha vez, já que eu as incentivei”, disse.
Superou obstáculos
Dina, uma vez que é conhecida, tem a história marcada por obstáculos. Ainda rapaz, precisou largar a escola para ajudar em vivenda e sustentar a família.
Aos 11 anos, começou a trabalhar uma vez que doméstica e o sonho de um diploma universitário parecia muito distante.
As coisas melhoraram um pouquinho quando ela cresceu, mas a mensalidade de uma faculdade privada era um problema.
“Eu sempre quis fazer uma faculdade pública porque não tinha condições de arcar com as despesas de uma faculdade privado, eu já estava quase guardando esse sentimento lá no fundinho do baú. Quando foi no primícias do ano surgiu a oportunidade”, contou em entrevista ao Globo Repórter..
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Prova era repto
Com o incentivo das três filhas, Dina, mãe solo, se inscreveu no vestibular.
O esforço e a dedicação eram grandes, será que chegará a hora de ela invadir o que sempre sonhou?
A prova era uma redação e a ex-doméstica temia os erros de ortografia.
“Eu pensei: ‘Ah, fazer redação, e agora? E os erros de ortográficos, uma vez que é que eu vou fazer?’ Aí minha filha me disse: ‘Mãe, redação é só recontar uma história com primícias, meio e término’. O tema era a terceira idade, suas oportunidades e desafios que a gente tem no dia a dia, e eu coloquei a minha história. Agora, eu vou vigiar o rascunho dessa redação para sempre”, disse.
E foi contando a própria história que ela deu um passo gigante e se tornou universitária. Depois de tantos anos, o sonho se realizou.
Paixão pela Biologia
A paixão pelas Ciências Biológicas não é de agora. Há mais de 30 anos foi reconhecido no concurso do Jardim Fitologia de Brasília.
Lá, teve a chance de saber mais sobre fitologia e se apaixonou pela natureza. Na faculdade, vai unir a prática que aprendeu no trabalho, com a teoria.
“Faço muita coisa na dimensão de fitologia e, agora, quero juntar com a teoria”, explicou.
Quer virar exemplo
Com uma baita história de vida, Dina quer ser inspiração.
“Eu quero que as pessoas se espelhem em mim e tomem as dificuldades uma vez que exemplo. Se ela pôde chegar, com todas essas dificuldades, eu também posso.”
Quanto a idade, isso para ela nunca foi um problema.
“A idade está na mentalidade das pessoas. Existem pessoas com 20 anos que pensa uma vez que se tivesse 70 e vice-versa. E eu acho que eu sou um desses de 60, com mentalidade de 30 e poucos, 40 anos. O firmamento é o limite para quem quer voar”, finalizou.
Em 1990 Dina passou em um concurso para o Jardim Botânico de Brasília. Reprodução/Orbe Repórter
Depois de invadir o sonho, Dina quer ser exemplo para outros. – Foto: Reprodução/Orbe Repórter