Tempos de cinza
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Olá, cá estamos de novo. Nos tempos que correm, voltar é obra. Por uma floresta de razões. Desde logo o período de pré-campanha em que vivemos quase em permanência, e que é pasto para a desinformação, para a pataratice, para os fanfarrões. Depois, porque eleições autárquicas no verão são também “lume” para o aumento de operosidade de pirómanos. E uma vez que é difícil resistir à tentação de redigir sobre uma região inteira a flamejar. Há outros que o fazem muito melhor. E finalmente, num país que trata os jornalistas quase uma vez que uns bandidos, chega a ser um pouco frustrante manter uma risca de ininterrupção desenhada com isenção, com rigor, em independência. Sem deixar de considerar a paupérrima situação económica das empresas, que têm por isso dificuldades em remunerar por publicidade nos meios de notícia.
Quanto ao que exercemos, podemos e devemos perguntar a alguns políticos, o que entendem por bom jornalismo, creio que sem resultados objectivos e genuínos, porque já o tendo feito bastas vezes, a experiência mostra-nos que para muitos dos titulares de cargos públicos, ou candidatos a tal, o jornalismo de qualidade está directamente ligado à forma uma vez que são tratados pela notícia social. O destaque oferecido à repercussão dos seus feitos, a resenha dos seus passos, ou a divulgação das suas intenções, são as métricas que os ajudam a definir uma vez que aqueles jornalistas ou aqueles órgãos de notícia, são colocados na tábua classificativa do “bom jornalismo”. Nós por cá, e fazendo face a todas as limitações, continuamos a satisfazer muito supra dos mínimos as funções que nos são confiadas pelos leitores, a quem todas as semanas seja neste papel ou no do dedo, temos prestado contas. Do que se passa na cidade, no concelho, na região. Sem nos esquecermos do mundo.
NÓS, NÃO EU!
É talvez o vocábulo do novo século. Eu. Do latim ego, é um pronome pessoal, a primeira pessoa do único. Em contexto de actualidade, e a determinar pelo percorrer quotidiano pelas linhas do tempo das sociedades, o “eu” é o retrato de uma pessoa único, única, exclusiva, uma vez que não há igual. “Eu sou, eu vi, eu fiz, eu estive, eu… sei lá uma vez que não poderia deixar de ser, porque eu sou mesmo o maior”.
Bom, a veras mostra-nos uma vez que é rigorosamente o contrário. E cá, uma vez que trabalhador do Notícias da Covilhã, reforço a inevitabilidade de que só se ganha em equipa. O jornal é um espaço de notícia, de conhecimento, de debate, de colectivo, de diálogo, de partilha. Por mais que dominem as técnicas, e sejam eficientes nos procedimentos, os individualistas não vão longe, e tendem a ser infelizes.
O teor Tempos de cinza aparece primeiro em Jornal Notícias da Covilhã.
Nascente: https://noticiasdacovilha.pt/tempos-de-cinza/