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Recordar caminhos da Penteadora - Mundo News
4 de Maio, 2025

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Recordar caminhos da Penteadora

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Alexandrina Alves Dirigente da Liga Operária Católica   Fosse manhã cedo para o turno da 6:00, ou de tarde para o turno da noite, que terminava...

Alexandrina Alves

Dirigente da Liga Operária Católica

 

Fosse manhã cedo para o vez da 6:00, ou de tarde para o vez da noite, que terminava às 22:00, fosse de Verão ou de Inverno, no tempo de calor ou de indiferente, com sol ou com chuva, foram décadas a pé, por velhos caminhos, hora e meia para cada lado. Vínhamos do Paul, das Cortes e a maioria da Erada para a célebre Penteadora de Unhais da Serra onde, somando às 8 horas de trabalho em pé na fábrica, quase três horas de estirão, e os caminhos da Penteadora marcaram gerações.

Estava a terminar a dez dos anos 60. O problema dos transportes já tinha sido levantado alguns anos antes no jornal Juventude Operária, mas continuava sem resposta. Todos sentiam que a situação era injusta e os militantes da Juventude Operária Católica (JOC) e da Liga Operária Católica (LOC), jovens e adultos a trabalhar naquela fábrica, tinham consciência do esforço que diariamente era exigido e que era preciso encontrar uma resposta.

Com essa preceito, nas reuniões de militantes, e segundo o método próprio dos movimentos operários da Acto Católica (Ver, Julgar e Agir), procuraram aprofundar as justificação e consequências do problema acreditando que era verosímil uma solução para as longas caminhadas. E com esse desencadear de ações, que passaram também por diálogos com a governo da fábrica e negociações com a Auto Transportes do Fundão, finalmente os autocarros começaram a transportar diariamente as operárias e operários das aldeias vizinhas para a fábrica e da fábrica para lar.

Era o primeiro dos anos 70!  A Empresa haveria de reconhecer depois que a solução do transporte melhorou a produtividade.

E foi esse espírito que animou e anima os militantes operários cristãos noutros processos nos quais estava – e está – em justificação a distinção e os direitos dos trabalhadores, sem ignorar o horizonte da empresa.

Na Penteadora de Unhais da Serra foram marcantes outros processos de luta dos trabalhadores. Nomeadamente a greve de 1969, na qual os militantes da JOC e da LOC (incluindo a autora deste testemunho), tiveram um papel dinamizador determinante, num tempo em que a greve era proibida e a PIDE vigiava e perseguia mesmo operários que unicamente reclamavam a distinção e os direitos dos trabalhadores, uma vez que foi naquele tempo em que a empresa exigia que passássemos de 400 para 800 fusos, o que era humanamente intolerável.

Nos dias 7 e 8 de Junho realiza-se o XIX Congresso Vernáculo da LOC/Movimento de Trabalhadores Cristãos. Levante movimento de dimensão internacional, tal uma vez que a JOC a completar 90 anos no nosso país, tem uma longa história de vida e acto transformadora, principalmente no mundo do trabalho. Também por isso o mês de Maio é sempre um tempo peculiar de reflexão e compromisso.  Mas falar disso não caberia neste texto testemunho.

O teor Recordar caminhos da Penteadora aparece primeiro em Jornal Notícias da Covilhã.

Nascente: https://noticiasdacovilha.pt/recordar-caminhos-da-penteadora/

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