COP30: Com mundo sob risco de guerra, Brasil alerta que inimigo comum é mudança do clima
8 min read
O legado André Corrêa do Lago, que preside a 30ª Conferência do Clima da ONU, a COP30, divulga nesta segunda-feira (10) uma carta que traz a visão e os objetivos do país para o evento, que será realizado em Belém, em novembro. Mais do que metas ou uma agenda concreta, porém, o documento traz, ao longo de 12 páginas, um apelo para que países, sociedade social, empresários não desistam da luta contra o que ele chamou de inimigo geral a todos: as mudanças climáticas.
O Brasil faz um chamado a uma mobilização universal diante do multíplice cenário internacional, em que os Estados Unidos, sob Donald Trump, estão provocando mudanças no tabuleiro geopolítico; e a prenúncio de uma novidade grande guerra vem redirecionando os esforços de muitos países, antes voltados para o clima, para estratégias de resguardo. É o que Corrêa do Lago labareda de “trivialidade da inação”, em sua epístola.
“Oriente ano marca o 80º natalício do termo da Segunda Guerra Mundial e de nossa federação na geração das Nações Unidas. A filósofa germano-americana Hannah Arendt denunciou a ‘trivialidade do mal’ uma vez que a legalização do que era inadmissível. Agora, estamos enfrentando a ‘trivialidade da inação”, uma inação irresponsável e também inadmissível”, escreve.
“Nesta dez sátira, o Brasil convoca novamente nossa federação de povos para, mais uma vez, deixarmos nossas diferenças de lado e nos unirmos para vencer o inimigo geral: a mudança do clima”, continua.
Logo no primeiro parágrafo da epístola, Corrêa do Lago pede que a comunidade internacional reflita sobre os valores “que nos mantêm unidos: sossego e prosperidade, esperança e renovação, consideração e gratidão, unidade e conexão, resiliência e otimismo, magnanimidade e clemência, variação e inclusão”. Serão necessários “em um século que testará a capacidade de adaptação e inovação de nossa espécie na construção de um porvir geral”.
Para o legado, que desde 2023 é o negociador-chefe do Brasil nas negociações climáticas, o momento demanda uma mudança inevitável, “seja por escolha ou por catástrofe”.
Nos últimos anos, o aquecimento global tem se agravado. O ano de 2024 foi o mais quente do registro histórico, superando o recorde de 2023, e foi o primeiro em que a temperatura média do planeta ultrapassou em mais de 1,5 °C a que era registrada antes da Revolução Industrial. A consequência tem sido um aumento de eventos extremos e tragédias em todo o mundo, uma vez que as chuvas que devastaram o Rio Grande do Sul e as queimadas na Amazônia e no Pantanal.
“Se o aquecimento global não for controlado, a mudança nos será imposta, ao desestruturar nossas sociedades, economias e famílias. Se, em vez disso, optarmos por nos organizar em uma ação coletiva, teremos a possibilidade de reescrever um porvir dissemelhante. Mudar pela escolha nos dá a chance de um porvir que não é ditado pela tragédia, mas sim pela resiliência e pela dependência em direção a uma visão que nós mesmos projetamos”, aponta a epístola.
É o mesmo tom que ele já havia adotado, na quarta passada (5), durante reunião informal na Tertúlia Universal da ONU. “Diante da urgência, a dificuldade da nossa tarefa é fortalecer a governança climática e proporcionar destreza, preparação e antecipação tanto na tomada de decisões quanto na implementação”, disse.
Por que isso importa
- Esforços globais para o combate às mudanças climáticas estão sendo enfraquecidos com medidas adotadas pelos Estados Unidos e redirecionamento de recursos de países europeus para a resguardo diante de risco de novas guerras.
- Brasil faz um apelo para que países, empresas, sociedade social e outras entidades internacionais não desistam do combate às mudanças climáticas e voltem o foco para o problema que prenúncio o porvir de toda a humanidade.
Em conversa com alguns veículos de prensa na sexta-feira (7), da qual fez secção a Escritório Pública, Corrêa do Lago e Ana Toni, secretária de Mudança do Clima, do Ministério do Meio Envolvente, e diretora-executiva da conferência, explicaram que a teoria da epístola foi realmente fazer um chamado à mobilização que vá além da própria conferência.

“Nós estamos vendo muito claramente os limites de tratar do tema de mudança do clima exclusivamente entre países negociando num consonância internacional pleno de regras extremamente complexas”, afirmou o legado.
No documento, a presidência brasileira da COP se vale do concepção tão brasiliano de mutirão. “Todo brasiliano entende essa termo, e agora o mundo vai desvendar que existe, que todo mundo tem que se juntar para um muito geral”, disse ele na entrevista.
“Não exclusivamente os países. Nós temos que juntar a sociedade, o setor privado, a juventude. Nós temos que juntar todos em torno de um movimento que nos parece tão urgente, mas que nós não estamos tendo no mundo, neste momento: um foco sobre clima uma vez que deveria ser”, complementou.
Oriente não foco ganhou graduação a partir da vitória de Trump nas eleições americanas. E não somente pela postura ant-climática do republicano, que, além de ter iniciado o processo de mais uma vez retirar os EUA do Concordância de Paris, defende uma exploração maior de petróleo, tem agido contra incentivos à transição energética e vem promovendo um desmonte da dimensão ambiental e de pesquisas de clima.
O impacto ainda maior é pela desestabilização da ordem mundial que ele vem provocando, por exemplo, em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia e que faz com que países europeus direcionem o foco para uma eventual guerra no continente.
Na epístola, Corrêa do Lago cita isso de modo indireto. “A falta de desejo será julgada uma vez que falta de liderança, pois não haverá liderança global no século 21 que não seja definida pela liderança climática […]. Ao reconhecermos que somos todos interdependentes na luta contra a mudança do clima, devemos reconhecer que a comunidade internacional é tão poderoso quanto seu gavinha mais fraco.”
Na entrevista, ele foi mais enfático. “[É um momento em que] os maiores, ou o que se espera que sejam os maiores, entre aspas, doadores [para a ação climática]… um está saindo de Paris e não parece ter muita intenção de colocar recursos para isso, e os outros estão tendo que desviar os recursos para outras coisas também, um pouco por motivo das circunstâncias mundiais hoje”, resumiu.
A visão é que é preciso trasladar melhor às pessoas o que significam as negociações climáticas e qual é a relação delas com a vida real. “Acho que o mundo entende que a gente está assinando várias coisas importantes e tal [no âmbito das conferências do clima], mas não está entendendo muito muito. A gente tem que trasladar o resultado dessas negociações para o público em universal, para que ele volte a crer que a gente tem que entrar nessa agenda para o muito geral”, explica.
Uma teoria que precisa ser combatida, diz, é que investir em combate à mudança do clima é ruim para a economia. “Não é. Eu acho que nós temos que chegar com muitíssimos exemplos do quanto pode ser bom, se muito feito, e há vários exemplos. É mostrar que o combate à mudança do clima não piora a vida das pessoas. Ao contrário, melhora”, diz.
“Porque há essa percepção, por exemplo, em alguns países europeus, que o combate à mudança do clima está aumentando o dispêndio da pujança. Logo as pessoas acham que não têm que remunerar por isso. A teoria é fazer um movimento que dê um novo impulso ao combate à mudança do clima, com novos argumentos e com novos atores.”
A presidência da COP30 e o governo brasiliano, em próprio na figura da ministra do Meio Envolvente, Marina Silva, têm defendido, desde o ano pretérito, que esta deve ser a conferência da implementação de tudo o que já foi disposto ao longo dos últimos anos. Que o que precisa ser feito para combater a mudança do clima já está posto, agora é preciso pôr em prática. A epístola traz essa teoria. De que a COP30 seja o “momento da viradela”.
Questionados sobre uma vez que esperam ser verosímil fazer essa viradela justamente diante do diagnóstico, que eles mesmos fizeram, de que as preocupações neste momento de todo o mundo são outras, uma vez que a guinada da extrema direita, um exposição antiambiental e a iminência de uma guerra mais ampla, tanto o presidente da COP quanto a diretora-executiva fizeram um chamado à razão.

“A gente tem de perceber que o tema da mudança do clima vai continuar conosco. As guerras vêm, vão. Ficam aí um ano, dois, três… Muita devastação e vão embora. A mudança do clima, ela fica. Vai permanecer por muitos anos. A gente sabe disso”, respondeu Ana Toni.
Na epístola, eles propõem que outros atores atuem uma vez que “alavancas” das soluções que já estão disponíveis e já estão acontecendo: “A presidência recrutará agentes entre as partes interessadas não estatais para se associarem uma vez que ‘alavancas’, ajudando a empregar soluções em ‘pontos de subida alavancagem’, onde pequenas mudanças podem resultar em grandes impactos no comportamento de sistemas complexos”.
De consonância com Ana Toni, uma dessas alavancas precisa ser sobre a transição energética. “É inevitável, ela vai sobrevir. O que a gente precisa agora é dar velocidade e graduação a essa mudança. Já tem soluções em muitos setores. Já tem tecnologia. A gente já sabe que os recursos existem. Eles precisam ser colocados. Se a gente olhar para soluções, olhar para essa alavanca, pensando nesse mutirão, não só os negociadores, mas a sociedade uma vez que um todo, setor privado, governo multinacional, governos subnacionais, a gente tem uma oportunidade incrível de continuar neste combate à mudança do clima”, afirma.
“Temos, sim, esse inimigo geral e temos já soluções na mesa. [A carta traz] essa esperança de fazer com que a próxima dez seja essa dez de mutirão, de trabalhar juntos, de pensar nesse muito geral. Sabendo que as soluções já existem, a gente só precisa dar velocidade e graduação para ela”, complementa.