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Em centro de detenção nos EUA, imigrante brasileiro conta como foi preso - Mundo News
17 de Junho, 2025

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Em centro de detenção nos EUA, imigrante brasileiro conta como foi preso

10 min read
Luciano Dacol diz que foi submetido a tratamento desumano em operação do serviço de imigração...

Terça-feira, 3 de junho, começou uma vez que mais um dia geral de trabalho para Luciano Dacol, imigrante brasiliano que mora na ilhéu de Martha’s Vineyard, estado de Massachusetts, perto da cidade de Boston, no leste dos Estados Unidos (EUA). Ele pegou a jangada logo cedo, uma vez que faz na maioria dos dias, juntando-se a um pequeno tropa de trabalhadores que seguem para o continente para trabalhar uma vez que carpinteiros, jardineiros, faxineiros e em outros serviços.

Um colega que dirigia a van da empresa estava lá para buscá-lo, uma vez que de uso. A única diferença naquele dia era que o horizonte genro de Dacol, que acabara de chegar do Brasil com sua filha, iria acompanhá-lo. Ele não via a filha desde 2022 e estava contente de ter a chance de passar um tempo com o horizonte genro e mostrar a ilhéu para ele.

Dacol, de 48 anos, que emigrou do Brasil para os EUA em 2018, explicou: “Vi em grupos do WhatsApp que havia uma batida do ICE [Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA] na ilhéu, mas achei que não teria problema, porque eu carregava meus documentos.”

Para ele, ali eram os EUA, país onde a lei impera. Dacol não estava preocupado. Mas, uma vez que logo descobriria, deveria estar.

Ele foi parado na estrada Edgartown–Vineyard Haven, ainda na ilhéu, por agentes federais usando coletes à prova de balas; não havia motivo aparente para a abordagem. Ele mostrou sua autorização de trabalho e seu número do Seguro Social [espécie de CPF, no país] aos oficiais.

O site lugar MV Times entrevistou Dacol de dentro do meio de detenção onde ele ainda estava recluso até 11 junho, conversou com sua família e analisou os documentos relacionados ao seu status migratório. O retrato que emerge é o de alguém que foi retido em uma operação ampla e indiscriminada contra a comunidade brasileira da ilhéu, em meio a um processo confuso e desordenado, que aparentemente é segmento de uma campanha em curso.

“Eles disseram que só me liberariam se eu tivesse o Green Card [documento que garante a residência permanente nos EUA], e que meus documentos não valiam zero”, contou Dacol, tentando explicar respeitosamente que, em seu entendimento, sua documentação estava em ordem.

O agente portanto o deteve, dizendo: “Você está em um limbo.

Naquele momento, Dacol pediu aos agentes que se identificassem, mas, segundo ele, eles se recusaram e não explicaram por que ele estava sendo parado. Posteriormente uma entrevista, ainda não estava evidente qual a arguição específica pela qual ele estava sendo retido.

Dacol é uma das mais de 40 pessoas presas em Martha’s Vineyard e na ilhéu próxima de Nantucket durante uma operação do ICE na primeira semana de junho, que espalhou temor não somente entre imigrantes indocumentados, mas também entre imigrantes documentados, que temem que seus direitos ao devido processo lícito estejam sendo efetivamente revogados por agentes. Em vários casos registrados pelo MV Times, os agentes sequer se preocuparam em se identificar.

Cidadãos americanos que apoiam os migrantes também foram afetados e veem a aparente pouquidade de devido processo lícito uma vez que uma prenúncio à democracia e ao estado de recta. Os agentes cobriram os rostos e, embora representantes do ICE tenham enunciado que as operações são direcionadas a pessoas com antecedentes criminais, divulgaram pouquíssimas informações sobre quem foi retido e por que motivo.

O MV Times entrou em contato com familiares e líderes comunitários para revelar os detalhes das vidas por trás dessa campanha agressiva do ICE, que parece ser amplamente direcionada à crescente comunidade brasileira da ilhéu — que representa muro de 20% da população residente durante o ano todo [Martha’s Vineyard também é um famoso destino de veraneio nos EUA], ou muro de 4 milénio pessoas.

Dacol disse que chegou à ilhéu em 2018 e que depois permaneceu nos EUA além do prazo do visto de turista, situação que acabou se prolongando durante a pandemia. Mas, depois a pandemia, casou-se com uma portadora de Green Card e afirmou ter solicitado o seu próprio Green Card. Enquanto aguardava a aprovação, recebeu uma autorização de trabalho — compartilhada com o MV Times — emitida pelo Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA.

O MV Times consultou registros judiciais e não encontrou nenhuma prisão ou precedente criminal em nome de Dacol. O site também entrou em contato com autoridades brasileiras, que se recusaram a fornecer informações pessoais sobre os detidos.

Os agentes também tentaram paralisar seu horizonte genro, mas Dacol discutiu com os oficiais para prometer a liberação do rapaz, apresentando o passaporte com visto de turista válido e timbre de ingressão recente. “Eles pediram o formulário I-94 [documento que mostra o histórico de entrada e saída dos EUA] e um visto permanente. Parecia que estavam tentando encontrar uma desculpa para levá-lo”, relatou Dacol.

Seu horizonte genro acabou sendo liberado uma vez que turista.

Dacol disse que a atitude dos agentes indicava uma intenção de fazer o maior número provável de prisões: “Acho que eles estão pensando só em números. Quando estávamos na van, eles estavam contando as pessoas e dizendo quantas mais ainda precisavam.”

O ICE amarrou as mãos e os pés dos imigrantes com braçadeiras plásticas e os levou ao meio de triagem em Burlington, também no estado de Massachusetts. “O tratamento foi desumano”, disse Dacol sobre ter dormido no soalho, em um espaço superlotado. “Não havia espaço para todo mundo, portanto dois ou três dormiram no soalho do banheiro”, contou. Ele acrescentou que as condições são melhores na unidade de Plymouth.

Donald Trump declarou publicamente a meta de superar o número de deportações dos governos anteriores, incluindo o do ex-presidente Barack Obama — frequentador da ilhéu no verão. Obama é indigitado uma vez que o presidente que mais deportou imigrantes nos últimos anos.

Agentes mascarados sem identificação

Enquanto o ICE afirma que seus agentes usam máscaras para proteção, ativistas veem o ato uma vez que falta de transparência. Dacol contou que tentou gravar um vídeo com o celular, mas o único agente que estava sem máscara cobriu o rosto mal percebeu. Desde portanto, o celular foi confiscado.

Morador da ilhéu, o estadunidense Charlie Giordano viralizou ao confrontar e pedir a identificação de agentes do ICE no dia 27 de maio. Outros residentes contaram ao MV Times que também pediram identificação e não receberam nenhuma informação. Giordano agora tenta ajudar Dacol promovendo uma campanha de arrecadação em seu Instagram.

Enquanto isso, a filha de Dacol e o namorado cancelaram todos os planos de férias e permanecem em moradia, à espera de ligações do pai, que está retido na Penitenciária do Condado de Plymouth, com temor de transpor de moradia. “Ainda estou em choque, com temor. Me senti oprimido. Mesmo sem ter feito zero de inexacto, estou com temor”, disse o horizonte genro de Dacol ao Times.

Pessoas que conhecem Dacol o descrevem uma vez que alguém sempre disposto a ajudar. “Ele é um gigante gentil”, disse uma pessoa que já trabalhou com Luciano, mas preferiu manter o anonimato por temor de retaliações. “Ele é enorme. Tem quase dois metros de profundeza, é potente, mas extremamente gentil e solidário. Um faceta amoroso”, afirmou. “Ele me dava um amplexo toda vez que nos víamos e não faria mal nem a uma mosca. Muito trabalhador. Uma pessoa de altíssima qualidade.”

O colega de Dacol que foi buscá-lo na jangada também é considerado um membro querido da comunidade, segundo conhecidos. Luan Padilha dos Santos, tem 29 anos e vivia na ilhéu há pouco mais de um ano. Ele também foi retido.

“Ele estava ajudando a remunerar o tratamento de cancro do avô”, disse um familiar que pediu anonimato por justificação de sua situação migratória. “Ele é muito gulosice, muito trabalhador. É uma pessoa quieta, que odeia incomodar. Também gosta de cozinhar e sempre compartilhava o jantar e os bolos que fazia”, acrescentou o parente.

Santos comprou um terreno para erigir uma moradia no Brasil, um de seus objetivos. “Ele tem muitos sonhos e metas; queria erigir um lar e ajudar o irmão e os avós”, contou o familiar. No Brasil, ele trabalhava uma vez que instrutor de autoescola. O MV Times não encontrou nenhum registro criminal ou social no nome de Santos no condado de Dukes, onde fica a ilhéu de Martha’s Vineyard.

Santos alugava um porão há mais de um ano de C.D., uma aposentada estadunidense, que ficou consternada ao saber que ele havia sido retido. Ela preferiu não propalar o nome completo por temer se tornar meta de ódio nas redes. “Por que eles não procuram só os que fazem coisa errada Por que estão pegando os bons? A ilhéu precisa desses trabalhadores”, disse. “É um desserviço para a comunidade levar essas boas pessoas. Esse rapaz era maravilhoso.”

Ela contou que Santos era um “trabalhador incansável”, que saía por volta das 7h da manhã e voltava às 20h, trabalhando seis ou sete dias por semana. Ele cozinhava, dividia o jantar, cuidou do gato dela em uma emergência, pintou a moradia de hóspedes e nem quis receber por isso. Passou o Dia de Ação de Graças e o Natal com a família dela e estava começando a aprender inglês para poder conversar sem depender do celular para trasladar.

“Espero que estejam tratando ele muito. O natalício dele está chegando, e espero que ele possa passar com a família, e não recluso. E espero que possa voltar. Eu o receberia de volta num piscar de olhos.”

Outro imigrante brasiliano retido a caminho do trabalho foi J.M.J., das quais nome completo não foi divulgado a pedido da família. Pai de dois filhos, era sabido por ajudar a comunidade na igreja e por ser um pai risonho.

Com os olhos cansados e olheiras profundas, sua esposa, S.M.F., falou ao MV Times sobre o marido. Ela contou que a família, com duas crianças em idade escolar, chegou à ilhéu há três anos e, mesmo antes da operação da semana passada, já havia comprado passagens para retornar ao Brasil em meados de julho.

Ela acrescentou que J.M.J. tem um ofício sólido uma vez que bioquímico em uma dependência estadual no Brasil, e havia tirado uma licença de três anos enquanto ela trabalhava em uma companhia pública de chuva e esgoto.

“Pensamos em permanecer mais tempo, mas quando começaram todas as incertezas sobre imigração com o governo Trump, decidimos voltar”, afirmou. “Viemos em procura de oportunidades educacionais para os nossos filhos, não somente financeiras.”

“Meus filhos começaram a escola durante a pandemia, portanto a primeira vez que foram presencialmente foi cá”, contou. Seu fruto de 9 anos começou a falar inglês em seis meses e hoje é totalmente bilíngue.

Com uma camiseta estampada com a vocábulo “gratidão”, ela descreveu J.M.J. uma vez que um pai réplica. “Ele é muito tranquilo e um pai magnífico. Às vezes até mima demais as crianças. Na hora de dormir, sempre dá mais meia hora para elas e deixa ver filme ou consumir pipoca. Vive tentando fazer escondido o que eles querem, fora da rotina que eu estipulei”, disse ela.

Com lágrimas nos olhos, afirmou que se sente uma vez que uma viúva de marido vivo e, embora só tenha se pretérito uma semana, já sente falta de voltar para moradia e encontrá-lo. Ao mesmo tempo, preocupa-se com o sofrimento dos filhos: “A forma uma vez que tiraram ele daqui… foi meio desumana, né? A gente tenta entender que é o trabalho deles, mas eu tento não lembrar das imagens, para doer menos.”

O MV Times também não encontrou registros criminais ou cíveis em nome de J.M.J.

Dacol decidiu desistir de lutar pelo seu caso nos EUA e optou pela deportação: “Não quero permanecer nesse limbo, uma vez que eles disseram. O governo Trump vai porfiar mais três anos. Não há garantia de que não vão me prender de novo, mesmo com comprovante de fiança”, disse. “Esse processo é muito desumano. Não quero passar por isso novamente.”

Nesta semana, a comunidade brasileira tem se escondido nas sombras, tomada pelo temor. Ao mesmo tempo, procura se estribar mutuamente, oferecendo ajuda a quem está preocupado com sua situação migratória. Muitos trabalhadores da construção social, jardinagem e limpeza doméstica deixaram de comparecer ao trabalho nos últimos dias, segundo empregadores. Até imigrantes que já se tornaram cidadãos americanos passaram a carregar o passaporte consigo por prevenção.

Cultos em diferentes igrejas de congregações predominantemente brasileiras foram cancelados na semana seguinte à operação do ICE, que deteve não somente pessoas com antecedentes criminais, mas também diversos imigrantes sem histórico judicial.

O primeiro instruído depois a operação, realizado em uma das várias igrejas evangélicas brasileiras da ilhéu, teve 20% menos fiéis do que a média de centena pessoas. Mas o pastor lembrou aos que compareceram que Deus pode ajudar a superar o temor.

O pastor José Carlos Ribeiro leu trechos do livro do Êxodo na Comunidade Evangélica Koinonia, em Tisbury. Falou sobre o momento em que Moisés lidera o povo judeu para fora do Egito, sendo perseguido pelo tropa do faraó. Logo, o impossível acontece: Deus abre o Mar Vermelho para o seu povo e engole os egípcios.

Do púlpito decorado com pães, uvas e uma pátena dourada que remete à Última Ceia, Ribeiro disse aos fiéis que, às vezes, “tem o mar, tem o faraó, tem o Trump, tem o ICE, mas, supra de tudo, tem o Senhor, e Ele estará conosco.” A congregação aplaudiu com exaltação.

Essa reportagem foi publicada pelo MVTimes e republicada em parceria pela Filial Pública.

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