Quantcast
Herói da independência do Piauí é quinto avô de Sarney e teria pretérito escravizador - Mundo News
22 de Novembro, 2024

Mundo News

Seu Mundo! Suas Notícias!

Herói da independência do Piauí é quinto avô de Sarney e teria pretérito escravizador

9 min read
Linhagem tem visconde que combateu Balaiada e “patriarca do sertão”, que teria escravizados, segundo registros ...

Na ingressão de Oeiras, cidade de quase 40 milénio habitantes no núcleo do Piauí, um “herói” brasiliano foi imortalizado em uma construção que celebra a data mais importante do calendário solene do estado. O Monumento 24 de Janeiro, inaugurado em agosto de 2021 posteriormente anos de idas e vindas e promessas frustradas de governantes, destaca os feitos de Manuel de Sousa Martins [em grafias antigas, o sobrenome Sousa aparece também com Z] o primeiro barão e visconde da Parnaíba. Ele foi responsável, segundo a história solene, por solidificar a independência do Piauí, justamente em 24 de janeiro de 1823, na própria Oeiras, logo capital do Piauí, quando se declarou ao lado de dom Pedro I e lutou no confronto sangrento da Guerra do Jenipapo, uma das batalhas da independência do Brasil.

Mas o legado do visconde da Parnaíba não se resume aos louros da guerra e da adesão do Piauí ao Estado imperial brasiliano. Martins era pecuarista, possuinte de grandes fazendas herdadas do pai, que tinha o mesmo nome do fruto. Nessas propriedades, o visconde teria usado o trabalho de escravizados.

O visconde é o quinto avô do ex-presidente brasiliano José Sarney, primeiro a governar o país posteriormente o término da ditadura de 1964 e responsável por solidificar o clã familiar dos Sarney no controle do estado do Maranhão.

Quem é José Sarney

Nascido em Pinho, no Maranhão, José Sarney de Araújo Costa é legista, jornalista e político. Durante a ditadura militar, foi eleito governador do Maranhão pela UDN e se filiou depois à Estádio. Em 1985, foi vice na placa encabeçada por Tancredo Neves, que morreu logo depois de tomar posse, indumento que levou Sarney à presidência. Em 1990, foi eleito senador, exercendo três mandatos consecutivos.

A legado escravizadora do patriarca do sertão

A linhagem de Sarney vai longe, muito longe. Para narrar a história do seu quinto avô, visconde da Parnaíba, que viveu entre 1767 e 1856, é preciso voltar ainda mais no tempo.

Os maiores do ex-presidente podem ser identificados com certa facilidade até quase o ano 1500, quando Pedro Álvares Cabral desembarcou em Porto Seguro. Isso porque Sarney descende de uma família tradicional que tem envolvimento com a política brasileira há séculos, os Coelho Rodrigues. A memória dessa família é muito muito preservada, pela quantidade de cargos públicos e posses que seus membros tiveram ao longo dos anos, o oposto do que ocorre com os antepassados de pessoas negras descendentes de escravizados.

Talvez o membro mais idoso da família que ainda guarda notoriedade atualmente seja Valério Coelho Rodrigues, avô do visconde da Parnaíba e sétimo avô de Sarney. Valério, que nasceu em Portugal, na freguesia de São Salvador do Paço de Sousa, em 1713, foi um dos principais colonizadores do interno do Piauí, denominado de “patriarca do sertão”. O sobrenome Coelho Rodrigues vem de seus avós portugueses, Francisco Coelho e Bento Rodrigues, nascidos no século 17.

Valério ocupou diversos cargos na logo capitania do Piauí, desde juiz até ouvidor-geral. Ele era possuinte da quinta do Paulista, que ficava num arraial de mesmo nome – a região se tornaria o que hoje é o município de Paulistana. Porquê muitos homens donos de terreno no seu tempo, ele também seria um escravizador. A Dependência Pública encontrou registros de pessoas que teriam sido escravizadas na propriedade de Valério, que foram reunidos por um grupo de genealogia devotado ao próprio patriarca.

“Aos três de agosto de milénio setecentos secenta e sete na Rancho do Paulista Ribeira do Canindé, batizei solenemente e pus os santos óleos a Euzebio fruto de Maria Rodrigues preta angolla solteira, escrava de Valério Coelho Rodrigues, pai incógnito” [sic], diz um registro de batismo.

Outros documentos dão conta de batismos de Florêncio, fruto de Theodozia, em 1768; de Maximiniano fruto de Anna, em 1773; de Ignacia, filha de Benta, em 1774; e de Luiza, filha de Quiteria, no mesmo ano. Em geral, Theodozia, Anna, Benta e Quiteria são todas identificadas porquê “escravas de Valério Coelho Rodrigues”, na quinta do Paulista.

A história solene dá tanta valor ao “patriarca do sertão” que foi criado um prêmio que leva o seu nome: a Ordem Estadual Valério Coelho Rodrigues, decretada em 19 de agosto de 2013 pelo logo governador do Piauí Wilson Nunes Martins, na quadra filiado ao PSB. O próprio ex-governador é um dos herdeiros de Valério – porquê indica o sobrenome Martins, o mesmo do visconde da Parnaíba. Ele foi homenageado também pelo Tribunal de Justiça do Piauí no ano pretérito, quando o presidente do tribunal discursou em prol de Valério e se tornou sócio benemérito da Associação de Descendentes de Valério Coelho (ADVC), criada para preservar a memória do patriarca e congregar seus descendentes que até hoje se reúnem em eventos no estado.

Falecido em 1782, o patriarca deixou posses ao seu fruto Manuel, que, por sua vez, repassou o legado para seu herdeiro, também chamado Manuel, varão que se tornaria o visconde da Parnaíba.

O herói que garantiu a independência do Piauí e a prosseguimento da escravidão

Manuel de Sousa Martins é festejado porquê um dos nomes de maior sucesso da linhagem de Valério Coelho Rodrigues. Isso porque, em 1823, ele ajudou a consolidar a adesão do Piauí à independência do Brasil, que havia sido proclamada no ano anterior pelo imperador dom Pedro I, às famosas margens do rio Ipiranga, em São Paulo.

Martins foi um dos responsáveis por comandar tropas locais contra os portugueses no setentrião do Piauí, na região do delta do Parnaíba. As tropas lusitanas foram para o interno, em direção a Oeiras, e no caminho foram interceptadas pelos separatistas, porquê relembra estudo de Pedro Vilarinho Fortaleza Branco, do Departamento de História da Universidade Federalista do Piauí (UFPI).

A chamada Batalha do Jenipapo é frequentemente referenciada porquê o conflito armado mais sangrento pela independência do país – o humorista Whindersson Nunes chegou a anunciar que faria um filme sobre o evento. Na ocasião, os brasileiros enfrentaram os portugueses comandados por João José da Cunha Fidié.

Com a taxa na guerra e uma inteligente pronunciação política feita posteriormente a guerra, estava selado o legado de herói libertador do Piauí, e Martins se tornou o primeiro presidente da província, desbancando outras lideranças. Em 1825, ele seria agraciado com o título de barão da Parnaíba, por dom Pedro I, posteriormente ter atuado em prol do imperador contra revoltas porquê a Confederação do Equador, quando Pernambuco e secção das províncias da Paraíba, Rio Grande do Setentrião e Ceará tentaram a independência.

Antes mesmo de invadir a glória no Piauí, Martins já seria sabido porquê proprietário de terras e de pessoas escravizadas. Ele herdaria, pelo pai, diversas fazendas, onde seguiria usando mão de obra escravizada, tal qual seu avô e seu pai teriam feito. “Manuel de Sousa Martins era um grande proprietário de terras e escravos e vice-presidente da Junta Governativa em 1821”, descreve a tese de doutorado de Francisca Raquel da Costa, da pós-graduação em História Social da Universidade Federalista do Ceará (UFC).

Segundo os registros, em 1826, período em que o presidente da província era o barão da Parnaíba, a população totalidade do Piauí seria de 84,4 milénio pessoas, sendo 25,1 milénio delas escravizados (identificados porquê pretos, pardos e mulatos).

No trabalho, que analisa a escravidão e reescravização de pessoas livres no Piauí no século 19, a pesquisadora aponta porquê o herói do estado também seria responsável por reprimir a revolta da Balaiada na província. A insurreição, que começou no Maranhão, mas se espalhou para o Piauí e Ceará, durou entre 1838 e 1841 a partir da rebelião de pessoas pobres contra medidas autoritárias, porquê o recrutamento obrigatório.

Segundo a tese, o barão da Parnaíba seria “sabido porquê implantador de uma ditadura rústico no Piauí”, devido à legislação que permitia o recrutamento forçado de homens e jovens para lutar contra os revoltosos. O trabalho resgata inclusive a história de um jovem “mulato” de 16 anos, Luiz Mandy, que teria sido enviado para a luta e ficou anos lutando pela sua liberdade contra um coronel.

“Nesse período, o presidente da província era Manuel de Sousa Martins também sabido porquê o Barão da Parnaíba e que ficou muito famoso devido à força com a qual comandou a província durante seu governo e também a repressão que organizou juntamente com os líderes de cada região do Piauí, inclusive Miranda Ozório, em relação ao movimento de insurreição”, descreve.

O clã Sarney no Maranhão

A linhagem de Valério Coelho Rodrigues, porquê apontamos, levaria a uma família numerosa, que até hoje mantém, orgulhosa, sua genealogia.

Essa risca começa com o fruto do visconde, José de Sousa Martins, que teria atuado junto ao pai na independência do Brasil, mas também na repressão à Balaiada. Ele é pai de Leopoldina Ferreira de Sousa Martins, mãe de João Leopoldino Ferreira, que foi juiz e bisavô de Sarney.

João é pai de Assuero Leopoldino Ferreira, avô de Sarney, que se mudou para o Maranhão. Ele teve Kyola Ferreira de Araújo Costa, mãe de Sarney, nascida em Pernambuco, mas que também foi para o Maranhão. Ela, por sua vez, se casou com Sarney de Araújo Costa, pai do ex-presidente, que, na verdade, foi batizado porquê José Ribamar. O nome Sarney viria do indumento de ele ser sabido porquê Zé do Sarney, devido à reputação do pai, que foi promotor e desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão.

Com um pai estabelecido na Justiça, Sarney fez curso no Legislativo e no Executivo. A lista de cargos que ele ocupou é extensa – e costuma ser referenciada porquê a maior entre os parlamentares brasileiros vivos. Sarney ocupou o primeiro função há quase 70 anos, quando passou de suplente a deputado federalista em treino em 1955. Ele já foi filiado a cinco partidos (PSD, UDN, Estádio, PDS e MDB), senador pelo Maranhão e Amapá, governador do Maranhão, presidente do Senado e, talvez o função mais sabido, o primeiro presidente do país posteriormente o término da ditadura de 1964, quando substituiu Tancredo Neves, morto em 1985 antes de tomar posse.

Sarney também instalou sua linhagem no poder: seu fruto José Sarney Rebento foi deputado federalista nove vezes seguidas; sua filha, Roseana Sarney, deputada federalista, governadora do Maranhão e senadora; e o neto José Adriano Cordeiro Sarney, deputado estadual. A família Sarney controla o maior grupo de informação do Maranhão, o Mirone, tem laços com grandes grupos empresariais de negócio e até mesmo da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), através do seu fruto Fernando José Macieira Sarney.

O trabalho de doutorado de Elthon Ranyere Oliveira Aragão, na Universidade Federalista de Sergipe (UFS), descreve muito a teia de relações dos Sarney no Maranhão, apontando porquê a maioria dos deputados estaduais era eleita com base do clã. “Outrossim, retribuições em forma de doação de concessões de radiodifusão eram comuns, principalmente quando José Sarney foi presidente da república na segunda metade da dezena de 1980. Os políticos que por ventura perdessem as disputas nos municípios ainda eram agraciados com cargos na gestão estadual, através de secretarias (titulares ou adjuntas) no período estudado”, diz.

Questionado sobre as relações com o herói da independência do Piauí e seu pretérito escravizador, Sarney respondeu à Pública que “se eu tivesse vivido na quadra de meu pentavô, tendo recebido a sua pergunta, eu diria: ‘Vou retirar a ouvido desse Visconde, que deve libertar todos os seus escravos, pois sou libertador e vou, ao longo do séc. XIX, ao lado de Joaquim Serra e Joaquim Nabuco, cada vez mais, lutar por essa pretexto.’ E acrescentaria que ‘eu, no horizonte, apresentaria (porquê apresentei) o primeiro projeto no Brasil das quotas raciais para subida da raça negra e ainda que criaria a Instauração Palmares durante a comemoração dos 100 anos da Anulação da escravidão’”.

O ex-presidente ainda completou: “O meu ancião mais próximo, fruto do meu paixão e da minha surpresa, é minha mãe, retirante da seca de 1921, de Pernambuco para os vales úmidos do Maranhão”. Veja a resposta completa aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Copyright © All rights reserved. | Newsphere by AF themes.