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Riqueza, força política e impacto ambiental: quem é Carlos Suarez, o Rei do Gás - Mundo News
6 de Maio, 2025

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Riqueza, força política e impacto ambiental: quem é Carlos Suarez, o Rei do Gás

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Mega empresário de energia se mantém fora dos holofotes enquanto influencia decisões no país e controla...

Entre poder e numerário, o recurso mais invejado por amigos, admiradores e opositores de Carlos Suarez é sua capacidade de permanecer fora dos holofotes enquanto exerce possante influência na política, seja baiana ou pátrio.

Por quase três décadas, o empresário, de 73 anos, se manteve longe dos holofotes midiáticos, enquanto tocava seus negócios milionários no setor de gás – o que lhe rendeu o sobrenome de ‘Rei do Gás’.

A derivação vem pelo controle que detém em oito empresas distribuidoras, com autorização de transporte por gasoduto em estados do Nordeste (Piauí e Maranhão), Setentrião (Amazonas, Pará, Rondônia e Amapá) e Núcleo-Oeste (Goiás), além do Província Federalista. Em 2013, a revista Exame o apresentou porquê um investidor com lucro de 1.300% em sete anos, citando pelo menos 35 empresas ligadas a ele.

Nos últimos anos, entretanto, Carlos Suarez passou a ser mencionado com mais frequência em coberturas jornalísticas, interessadas em despojar sua força econômica e política. Mesmo com a lupa apontada para seus negócios, as publicações que o mencionam em universal não expõem uma retrato sua. A ilustração que abre esta reportagem foi feita sobre uma imagem dele obtida pela reportagem.

Esta reportagem da Filial Pública detalha porquê ele e parceiros tomaram conta da Ilhota dos Frades. A ilhota paradisíaca de 8 quilômetros de extensão, localizada na Baía de Todos os Santos, em Salvador, passou a ser ocupada  por  empreendimentos de supino padrão, porquê se fosse um grande resort pessoal.

Em agosto de 2022, nos autos de uma ação social pública promovida pelo Ministério Público Federalista e Ministério Público da Bahia, a Justiça Federalista condenou o Rei do Gás e outros 11 réus a remunerar danos morais coletivos no valor de R$ 5 milhões por uma série de danos causados à Ilhota dos Frades, superfície que, durante o período do Brasil Colônia, foi um importante entreposto para o desembarque de escravizados vindos de Daomé e do Benin, na África. Antes de serem comercializados para os senhores de talento, eles ficavam um tempo na ilhota para se restaurar da longa travessia forçada pelo Atlântico.

No livro Um Defeito de Cor, best-seller escrito por Ana Maria Gonçalves e que inspirou o samba-enredo da Portela no Carnaval de 2024, a ilhota é citada porquê segmento da saga da personagem Kehinde dentro de um navio negreiro.

Atualmente, a Ilhota dos Frades seria  “dominada” por Carlos Suarez, porquê afirmam  o Ministério Público do Estado da Bahia e o Ministério Público Federalista, autores da ação social pública na Justiça, além de moradores, comerciantes, pescadores e barqueiros que mantêm vínculos com o lugar.

Com o argumento de preservação ambiental, zero pode ser construído na ilhota sem a autorização do “espanhol” – segundo sobrenome que o acompanha, leste pela progénie ibérica – e da sua filha, a advogada Isabela Suarez, atual presidente da instalação Baía Viva.

A organização foi criada em 1999 e se define porquê “de recta privado, sem fins lucrativos” com intuito de “restaurar um dos maiores e mais representativos cartões postais da história da Bahia e do Brasil: a Baía de Todos os Santos”.

A instalação, que teve porquê primeiro presidente o próprio Carlos Suarez, também se diz preocupada em se apropriar “de forma positiva” da história e da cultura da baía, além de preservar a qualidade ambiental. Na Ilhota dos Frades, a instalação determina as regras para a pesca lugar e contrata seguranças privados que usam quadriciclos para monitorar quem chega e sai da ilhota.

Em setembro do ano pretérito, Isabela Suarez recebeu a Comenda 2 de Julho, a mais subida honraria da Tertúlia Legislativa da Bahia, pelo trabalho de preservação da Baía de Todos os Santos e junto às comunidades da Ilhota dos Frades.

Privatização da ilhota

Os moradores, entretanto, discordam que a ilhota esteja de indumento sendo preservada. Ainda em 2007, eles acionaram o MPF posteriormente uma série de intervenções feitas por um grupo de empresários, liderados por Carlos Suarez, para a exploração turística do espaço que teriam trazido degradação ambiental e os impedido de frequentar determinados espaços públicos.

Vista das embarcações a partir da igreja Nossa Senhora do Guadalupe

Segundo registra a ação social pública, entre os espaços bloqueados está um píer de embarque e desembarque de passageiros próximo à Igreja de Nossa Senhora de Loreto. O processo aponta que foi colocada uma muro com boias em algumas praias, o que impediu “o aproximação de visitantes e transacção de barraqueiros”.

A ação cita ainda a suposta prática de crimes ambientais, porquê desmatamento da Mata Atlântica, supressão de matas ciliares e “descaracterização da paisagem, em face da construção do cais em torno da praia e pavimentação de trilhas”.

De concórdia com a sentença proferida no caso, em 2008 o Ibama  constatou que foram construídos muros e tanques de alvenaria em superfície de maré, com “degradação direta e significativa do manguezal da região”.

No ano seguinte, técnicos da Gerência Regional do Patrimônio da União, juntamente à Polícia Militar da Bahia e ao Ibama, constataram a construção de um píer em uma superfície federalista na praia de Loreto. O lugar estaria sendo utilizado de forma privada, “com uso de vigilância armada ostensiva e sem permissão para aproximação de pessoas não autorizadas”, diz um trecho da decisão.

Ao todo, havia 18 réus no processo, entre pessoas físicas, jurídicas, o município de Salvador e as superintendências de Meio Envolvente e de Controle e Ordenamento do Uso do Solo, estas últimas acusadas de terem liberado licenças para atuação irregular na superfície.

Dos 11 condenados em primeira instância na ação social pública , quase todos têm relação direta com o Rei do Gás. São eles: as construtoras Concic Engenharia, Patrimonial Venture, Haya Empreendimentos e Participações, Companhia Industrial Pastoril, a incorporadora Patrimonial Ilhota dos Frades, e a Instalação Baía Viva, além de Gustavo Pedreira de Freitas Sá, Eliomar Machado de Freitas, Humberto Riella Sobrinho e André Luiz Duarte Teixeira.

A pena foi “solidária” — ou seja, todos são responsáveis pelo pagamento de R$ 5 milhões. Os condenados recorreram ao Tribunal Regional Federalista da 1ª Região, em Brasília, e conseguiram o efeito suspensivo da decisão de primeira instância, enquanto aguardam o julgamento das apelações. A última movimentação do processo, segundo apuração da Pública junto à Justiça Federalista da  Bahia, ocorreu em fevereiro de 2023, com a remessa dos autos para segunda instância.

Na ação, consta que a Instalação Baía Viva foi responsável por erigir um muro de alvenaria, estruturas de drenagem e cercas de arame farpado em praias e mangues.

A resguardo da Instalação justificou que detinha um alvará da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo de Salvador, para realizar as obras. No entanto, segundo um relatório técnico da Secretaria do Patrimônio da União, o documento autorizava a recuperação de vias e a construção de galerias, mas não as contenções em superfície “de uso geral do povo”.

“O que tem realizado por lá é um veloz processo de gentrificação, quando pessoas mais ricas chegam num espaço e isolam ou excluem os mais pobres”, avaliou Marcos Brandão, jurisconsulto e integrante do Juízo Pastoral dos Pescadores.

Feudo medieval

Até hoje,  na Ilhota dos Frades, as mesmas boias amarelas, içadas por cabos de aço e presas a estruturas de ferro, continuam bloqueando a aproximação de barcos na superfície da Igreja de Nossa Senhora de Loreto.

Isso força os barqueiros que levam turistas a atracarem em um píer pessoal, ao dispêndio de R$ 25 por passageiro. Os condutores que se negam a remunerar pelo desembarque só conseguem aproximação numa outra ponta da ilhota, alguns quilômetros adiante.

Píer de embarque e desembarque de passageiros próximo à Igreja de Nossa Senhora do Loreto

As boias também cercam outras duas praias: Viração e Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe. Nesta última, concentram-se restaurantes caros (de culinária japonesa, espanhola e sorveteria italiana), um mirone, uma igreja reformada e algumas poucas barracas de praia. Os pouquíssimos ambulantes que trabalham no lugar contam que precisam ter autorização da Instalação Baía Viva para efetuar as vendas.

Guadalupe é a praia preferida dos turistas que visitam a Ilhota dos Frades. Para desembarcar, também é preciso desembolsar R$ 25 por pessoa em outro píer privado. A areia da praia labareda atenção pela limpeza réplica. Na segmento de cima, onde fica a vila de moradores, seguranças particulares fiscalizam a superfície em quadriciclos. E os vigias ficam diuturnamente em torres observando se alguém tenta ultrapassar as cercas que dão aproximação a terrenos privados.

Em seus pouco mais de 8 km de extensão, a Ilhota dos Frades está completamente murada – estrutura colocada pelos empresários–, o que lhe confere o paisagem de um feudo medieval. Em várias partes, quando a reportagem esteve no lugar, havia uma intensa movimentação de caminhões sem placa que adentram a região preservada de Mata Atlântica e saem com as caçambas carregadas de areia.

Questionado sobre qual obra estava sendo realizada ali, um vigia na Praia da Tapera disse que não sabia e não podia conversar. Afirmou unicamente que havia uma recomendação expressa para não passar informações. “Só de eu estar conversando com vocês agora é ruim para mim. Podem encontrar que estou falando com os [policiais] federais”, afirmou.

Em contato mais recente com os moradores, eles pontuaram que a situação piorou rapidamente do termo do ano para cá, com a aceleração das obras, trazendo mais degradação ambiental e vigilância sobre os nativos.

“Outras praias começaram a ser muradas, porquê a Praia do Tobar, do Tobarzinho e Paramana. Quase 80% da ilhota já está impedida de ser trafegada por nós, que nascemos cá”, disse um deles em quesito de anonimato.

“A ilhota tem um possuidor”

Embarcações com turistas circulam no entorno da Ilhota dos Frades

O clima em toda a ilhota é de vigilância uniforme. É difícil encontrar alguém que aceite ser entrevistado. Uma moradora chegou a manifestar que a ilhota tem um possuidor. Mas ao ser provocada a falar o nome do proprietário, titubeou. “Já esqueci até quem é…”

Um dos poucos que rompeu o silêncio foi Anselmo Duarte, ex-vereador do município vizinho de Matriz de Deus, que tenta reaver um terreno na ilhota para erigir uma pousada.

“Tinha oito dias que eu tinha sitiado o terreno e mandaram tirar. Eu não entendi por que disseram que [a ordem] era da Instalação [Baía Viva]. Depois, veio uma ordem da prefeitura para a desapropriação porquê muito público para a construção de uma base da Guarda Municipal. Em duas oportunidades, eu tratei diretamente com André Teixeira [sócio de Suarez] e ficou quase tudo pré-estabelecido de resolver minha vida, mas não resolveram”, disse.

A reportagem contatou por telefone o rebento de André Teixeira, que disse que passaria o recado para o pai. Até o fechamento da reportagem, Teixeira não respondeu ao pedido de esclarecimentos.

Outros dois moradores que aceitaram dar entrevista pediram a proteção do anonimato e que a conversa fosse feita pela internet dias depois — temiam retaliações, caso fossem vistos conversando conosco.

Eles afirmaram subsistir uma ação de grilagem na ilhota e contaram que são incessantemente impedidos de pescar por policiais ambientais. “Os caminhos centenários não existem mais. Ele [Suarez] fecha os caminhos que meus tataravós andaram. Hoje ele mete uma muro, mete segurança e não deixa mais ninguém passar”, disse uma moradora.

Segundo os moradores, Suarez é o patrão de segmento da mão de obra contratada, porquê vigias, caminhoneiros, seguranças privados e guias.

De concórdia com dados do IBGE, do último recenseamento realizado, a Ilhota dos Frades tem uma população de 733 habitantes — a maior segmento vive em Paramana, a única superfície com construções populares ainda de pé.

O presidente da Associação de Turismo da Ilhota dos Frades, Cleber Vasconcelos, mais espargido porquê Cacha Pregos, reclama que os ganhos dos moradores são ínfimos diante do lucro dos empresários que atuam em Frades.

“A gente ganha muito pouco com os turistas que chegam cá. Quem vem não interage com os moradores locais, pois estamos isolados pela estrutura que foi construída para beneficiar os próprios empresários”, disse.

A enunciação opõe-se ao oração propagado por Isabela Suarez ao falar da contrapartida social oferecida pela Baía Viva à população. Em entrevista a uma rádio de Salvador, ela disse que tem se preocupado em ativar economicamente a ilhota.

“É importante manifestar que todo mundo que está lá hoje abraça a pretexto. Todo mundo [empresário] que se instala na ilhota tem um pré-requisito para contratar mão de obra lugar”, afirmou.

Procuramos Isabela Suarez, que não respondeu às mensagens e ligações feitas durante a apuração desta reportagem.

Cenário paradisíaco para costuras políticas

A Ilhota dos Frades é usada por Suarez também porquê cenário para costuras políticas. No Réveillon que marcou a chegada de 2024, o Rei do Gás organizou um encontro com dias de duração com a presença do portanto presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de dois ministros de Lula – Celso Sabino, do Turismo, e Juscelino Fruto, das Comunicações.

Escuna ancorada à margem de umas das praias da Ilhota

Na lista de convidados, outros tantos acumulavam prestígio pelos cargos públicos, a exemplo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do senador Weverton Rocha (PDT-MA).  As informações foram primeiramente publicadas por Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo.

Também estiveram presentes figuras porquê o empresário Ricardo Faria, do setor de granjas e grãos, Rodolfo Landim, portanto presidente do Flamengo, e o prefeito de Salvador, Bruno Reis, do União Brasil, além de 20 deputados federais, entre eles Elmar Promanação (União Brasil-BA).

Apesar da subida densidade demográfica de figurões da cena política, houve pouquíssimos registros de fotos desse encontro – uma regra de etiqueta propagada pelo anfitrião.

Na era, Elmar Promanação era um dos nomes cotados para ser o sucessor de Lira, mas, em uma grande costura política, acabou cedendo espaço para Hugo Motta (Republicanos), que ocupou a cadeira da Câmara no primórdio deste ano.

Outro indumento que ilustra o poder político e econômico de Suarez é que, em dezembro do ano pretérito, ele contratou o ex-presidente Michel Temer (MDB) para ser representante da Cigás  – sua empresa distribuidora de gás no estado do Amazonas.

A companhia trava uma guerra judicial bilionária para tentar impedir que a Âmbar, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, assumam o controle da Amazonas Força.

Outro projeto ávido do “espanhol” virou notícia em março deste ano, quando uma das empresas ligadas a Carlos Suarez tentou obter junto ao Ibama uma licença para erigir uma usina termelétrica a unicamente 35 quilômetros da Terreiro dos Três Poderes, em Brasília. No momento, por decisão judicial, a audiência pública que debaterá o tópico foi suspensa e não há novidade data para ocorrer.

S de “Sombra”

Fruto de mãe nascida na Galícia, região no extremo setentrião da Espanha, Carlos Seabra Suarez nasceu na Bahia e tem quatro irmãos. Em 1976, fundou a construtora OAS, ao lado de outros dois colegas da faculdade de engenharia da Universidade Federalista da Bahia.

A marca foi escolhida a partir da inicial do sobrenome de cada um dos sócios: Durval Olivieri (O), César Araújo (A) Mata Pires e Carlos Suarez (S).

Olivieri vendeu sua participação antes de a empresa se tornar uma gigante do setor, acumulando obras de médio e grande porte que não interessavam à também baiana Odebrecht.

A OAS ganhou impulso e editais públicos a partir da força e influência política do ex-presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães, nomeado duas vezes governador da Bahia e também presidente da Eletrobrás, durante a Ditadura Militar. Mata Pires viria a se matrimoniar com Tereza, uma das filhas de ACM.

Diante da quantidade de obras tocadas pela empreiteira, a {sigla} OAS virou trocadilho para “Obras Arranjadas pelo Sogro” ou “Obrigado Camarada Sogro”.

Durante o governo de Fernando Collor, a OAS foi uma das empreiteiras envolvidas na farra de propinas pagas a Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro do presidente impichado. Outras gigantes do setor também faziam segmento do esquema, porquê Odebrecht, Andrade Gutierrez, Votorantim e Cetenco Engenharia.

No livro Notícias do Planalto, o jornalista Mario Sergio Conti narra um incidente em que o próprio Suarez teria atuado pessoalmente ao lado de PC Farias para ter informações privilegiadas sobre o lançamento de um edital público para uma obra federalista em Santa Catarina.

Suarez passou exatos 20 anos na OAS. A força política de ACM deu ao genro Mata Pires mais poder dentro da organização e, com isso, as divergências com o “espanhol” pelo comando da construtora foram se tornando mais públicas e acaloradas.

Em 1996, a sociedade chegou ao termo. Suarez pediu seu desligamento do quadro de sócios. Um ex-funcionário do supino escalão da empresa relatou que o mecha foi uma reunião entre os dois em que Mata Pires teria arremessado um cinzeiro em direção a Suarez, que conseguiu se desvencilhar antes de ser atingido.

O “espanhol”, portanto, já não tinha mais vínculo com a companhia quando explodiram os casos de prevaricação descobertos pela Operação Lava Jato, a partir de 2014.

Já fora da construtora, Suarez passou a se engajar no setor de gás, aproveitando a quebra do monopólio da Petrobras, admitida no país em 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

Um executivo da superfície de construção contou à Pública que, desde que se engajou no novo setor, Suarez elevou sua riqueza e passou a ser muito influente na política, tendo porquê marca a capacidade de se manter longe dos holofotes.

Utilizando um trocadilho, disse que o S, antes usado para imaginar a {sigla} da OAS, agora significa “sombra”. “Ele é igual ao gás que vende. Está sempre lá, mas ninguém nunca o vê”, afirmou o executivo.

A influência invisível de Carlos Suarez não se restringe aos corredores do poder em Brasília. Ele também teria exercido influência para a aprovação na Câmara de Vereadores de Salvador de projetos, propostos pelo portanto vereador Alexandre Aleluia (União Brasil), que flexibilizaram as regras de proteção ambiental em pelo menos oito áreas da capital baiana em janeiro de 2022.

Algumas das mudanças se referem às poligonais, que indicam o tamanho das Áreas de Proteção Ambiental a serem preservadas. A lei modificou o planta do Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural em relação a seis ilhas da Baía de Todos os Santos, entre elas a Bom Jesus dos Passos e a Ilhota dos Frades — duas áreas onde atua a Instalação Baía Viva.

A tramitação desse projeto, até ser votado em plenário, foi bastante atípica. Contrariando o rito legislativo, além de não constar na ordem do dia – período da sessão em que são discutidas e deliberadas as matérias previamente organizadas em taxa –, ele não foi publicado em ata depois de confirmado.

Para a promotora Hortênsia Pinho, Suarez foi aprimorando os métodos ao longo dos inúmeros embates que travou com o Ministério Público da Bahia na superfície ambiental.

“Eles vêm se sofisticando. Não se faz mais zero na ilegalidade. Faz nas brechas da legitimidade. Ele não vai fazer uma supressão de vegetação sem autorização. Ele vai mudar a lei. Se ele não consegue a licença, porque há uma vedação no cláusula tal, ele vai e muda o cláusula”, disse.

“Se ele já aterrou uma lagoa antes, agora só vai aterrar com liminar da justiça, com laudo que diga que ali não é uma lagoa”, completa.

Na era da aprovação do “projeto invisível” na Câmara de Salvador, o presidente da Lar era o hoje vice-governador da Bahia, Geraldo Jr., do MDB, portanto ligado ao grupo do prefeito Bruno Reis, do União Brasil.

Geraldo Jr. tem estreitas relações com a família Suarez e constantemente publica ou aparece em postagens ao lado da presidente da Baía Viva.

Em março de 2022, de forma repentina, rompeu com o grupo de ACM Neto e de Bruno Reis e foi indicado para o incumbência de vice-governador na placa do PT, encabeçada por Jerônimo Rodrigues. Eles foram eleitos no segundo vez, com 52,79% dos votos, contra 47,21% de ACM Neto.

Um político, também sob quesito de anonimato, disse que quem costurou a ida de Geraldo Jr. para o PT foi o próprio Suarez, ao lado do ex-governador da Bahia Jaques Wagner e do ex-ministro Geddel Vieira Lima – recluso em 2017 (e réprobo dois anos depois) posteriormente a Polícia Federalista encontrar R$ 51 milhões de reais em numerário vivo em um apartamento ligado a ele, em Salvador.

A costura do vice-candidato na placa do PT não foi a única participação de Carlos Suarez nas eleições de 2022. Uma consulta de dados do Tribunal Superior Eleitoral revela que o megaempresário doou R$ 750 milénio nessa campanha.

Em 2010, ele e sua esposa, Abigail Suarez, doaram cada um R$ 250 milénio ao petista Jaques Wagner, reeleito na ocasião ao governo da Bahia. À era, Suarez tocava importantes obras públicas no estado, porquê o Parque Tecnológico.

Em 2022, as doações foram para partidos de direita na disputa pátrio, apesar da costura com a esquerda no contextura estadual. Foram R$ 500 milénio em aporte único para o diretório pátrio do Republicanos — partido do Centrão que compunha a base do governo Bolsonaro.

Carlos Suarez foi procurado pela reportagem, por meio de seu jurisconsulto, Roberto Podval, que respondeu unicamente: “Ele raramente dá entrevistas”.

Sobre a relação de Suarez com a Ilhota dos Frades, Podval disse que “a ilhota é reconhecida internacionalmente graças a um movimento elaborado para a sua preservação”. E complementou: “No Brasil – paradoxalmente – enfrenta obstáculos desnecessários”.

Pessoas próximas ao empresário dizem que ele não usa telefone convencional por temer interceptação telefônica. Para falar com seus sócios ou pessoas próximas, usa aparelhos de chamada via satélite sem conexão com a internet. Os aparelhos, relatam as fontes, são distribuídos por Suarez diretamente aos interlocutores, sob a garantia de nunca repassar o número adiante.

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