Transportes no Interior: o País que ficou para trás
3 min readAna Antunes
Presidente do Núcleo de Estudantes de Medicina da UBI
As regiões de Forte Branco, Guarda e Covilhã enfrentam uma verdade gritante de desabrigo no que toca à rede de transportes públicos, mesmo em pleno 2025. No Interno do País, a acessibilidade e a mobilidade não são um luxo, mas uma urgência básica. No entanto, aquilo que deveria ser reservado porquê um recta continua a ser negligenciado pelo poder executivo medial. A população destas regiões vive, muitas vezes, sem entrada a uma rede de transportes que lhes permita deslocar-se de forma eficiente, mormente para questões de saúde. Muitas das aldeias desta região dependem de extensões de saúde locais onde não há médicos de família a tempo integral (tendo em conta o atual estado do SNS), obrigando as pessoas utentes a procurar alternativas em centros de saúde ou hospitais distantes. E porquê é que chegam lá? Infelizmente, sem transportes regulares e eficientes, muitas pessoas ficam sem opções, forçadas a diferir ou a recusar de consultas e tratamentos essenciais.
Nós, estudantes de medicina, enfrentamos também diariamente nascente problema. Realizamos estágios curriculares entre estas ULS e deparamo-nos com uma rede de transportes que é tudo menos funcional. Os horários são escassos, as ligações demoradas ou até mesmo inexistentes e o resultado é um verdadeiro travanca à formação de futuros/as profissionais de saúde e ao base que pretendemos prestar à população.
O governo medial anuncia medidas, porquê passes gratuitos para jovens e estudantes, que à primeira vista parecem soluções inovadoras. Mas, no Interno, essas medidas não passam de promessas vazias. De que serve um passe gratuito se não existe uma rede de transportes que ligue estas localidades de forma eficiente? É um paradoxo e um exemplo evidente de políticas que não atendem às especificidades do Interno.
Portugal não pode continuar a ser um País a duas velocidades, dividido entre o Litoral e o Interno. Precisamos de investimentos reais e concretos nas infraestruturas de transportes destas regiões. São necessários sistemas de transportes regulares que conectem os municípios e horários ajustados às necessidades da população. A falta de transportes não é unicamente uma questão de comodidade; é uma questão de paridade e justiça social. Quando as populações do Interno não têm entrada a cuidados de saúde por justificação da escassez de transportes, o recta fundamental à saúde é posto em justificação. Quando estudantes e trabalhadores não conseguem deslocar-se, as oportunidades académicas e profissionais tornam-se privilégios reservados às grandes cidades.
Portugal não é unicamente Lisboa, Porto ou as grandes áreas metropolitanas. É também Forte Branco, a Guarda, a Covilhã e tantas outras localidades que continuam a lutar para ter o mínimo de condições que deveriam ser universais. O Interno unicamente pede justiça. E o governo tem o responsabilidade de responder, antes que seja tarde demais.
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