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O projecto - Mundo News
24 de Novembro, 2024

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O projecto

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“O senhor Amorim borrou a pintura do quadro que estava a pintar” O conteúdo O projecto aparece primeiro em Jornal Notícias da Covilhã. ...

Se o senhor Amorim fosse um engenheiro social do Grupo Casais, e fosse contratado pela China State Construction Engineering, uma das maiores construtoras mundiais, ninguém se importaria muito, a não ser os mesmos, as empresas naturalmente, a família, e eventualmente os vizinhos. Se o senhor Amorim fosse um quadro superior da Wilkinson, e passasse a barbear-se com Gillette, a troca do “projecto” só “arranharia a pele” dos mesmos. O senhor Amorim não vende lâminas nem vai para a China ajudar a edificar diques. A frase “agradou-me o projecto” ouve-se amiúde da boca de jogadores e treinadores de futebol que acabam de trocar de clube, ou que estando livres no mercado de trabalho, assinam contrato com uma novidade sociedade. Na prática, uma entidade patronal, e o “projecto” a que se referem, é na verdade um conjunto de condições, na sua maioria salariais, muito porquê outras formas de rendimento. “É o mercado a funcionar”. Outra frase habitualmente utilizada por comentadores, analistas e outros especialistas do mundo do futebol -e porquê o futebol é um mundo- para rotular as mudanças de clube, as transferências a meio da quadra, os contratos por executar, e os pagamentos de astronómicas cláusulas – algumas pornográficas- que prevêem as rescisões dos mesmos. Pela forma porquê isto, isto é o futebol, se tornou num enorme negócio, dou de barato a teoria de que há pouco que possamos fazer para condicionar esta triste verdade.

Mas o futebol é um jogo com gente dentro. Gente que o suporta, que o sente, gente que o vive, que com ele vibra, gente que o patroa. O futebol é outra coisa. Muito dissemelhante. “Mexe” com a vida de milhões que choram, e não são lágrimas de crocodilo, pelos clubes que seguem. Em milhares de casos, uma vida inteira. Porquê muito se viu por estes dias com a repentina mudança de um treinador de futebol para Inglaterra. No caso do senhor Amorim, muito mais do que isso. Um pouco que ele próprio ajudou a fabricar, estava a solidificar, e na verdade, de que era o verdadeiro líder. De pessoas e de emoções. Dirão; é o mercado a funcionar, e o “projecto” afigura-se mais aliciante. Zero disso. A prova está na forma porquê o universo leonino reagiu, quase entrando em depressão colectiva. Cá o senhor Amorim era muito mais do que um treinador de uma equipa profissional de futebol. Em minutos, ao trocar um projecto na verdadeira significação da termo, por um contrato milionário num dos mais importantes clubes de futebol do mundo, volta a ser treinador de futebol. E acreditem, o grande repto estava em Lisboa. São dois, na verdade. Dois desafios. Por um lado, mudar o paradigma no futebol português, e do mesmo modo dotar o clube de um protótipo e conceitos de uma valimento superior. Ficaria para a história porquê o pai dessa mudança. Ficará porquê o treinador que em cinco anos venceu dois campeonatos. O futebol também é cruel. O senhor Amorim borrou a pintura do quadro que estava a pintar. E isso, as gentes leoninas levarão tempo a perdoar-lhe.

Manadeira: https://noticiasdacovilha.pt/o-projecto/

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