Democracia com dados: como a IA pode aproximar os cidadãos do poder local
3 min readA Lucidez Sintético (IA) deixou de ser um concepção abstrato para se tornar uma força transformadora no nosso dia a dia. Do planeamento urbano à forma uma vez que interagimos com os media, a IA molda a nossa notícia, o trabalho e até a participação democrática.
Na política, o uso da IA não é novo. A campanha de Barack Obama em 2012 é frequentemente apontada uma vez que a primeira a integrar cientistas de dados de forma estratégica. Muitos consideram que essa abordagem foi decisiva para o seu sucesso eleitoral. Desde logo, a tecnologia tem assumido um papel crescente nas campanhas e decisões políticas, nem sempre pelas melhores razões. A propagação de narrativas manipuladoras e o agravamento da desinformação levantam sérias preocupações sobre o impacto da IA na qualidade da democracia.
Num momento em que se assinalam 50 anos das primeiras eleições autárquicas em Portugal, importa reconhecer que, apesar dos avanços na digitalização dos serviços públicos, o aproximação à informação, sobretudo de caracter lugar, permanece pouco conseguível ao cidadão. Reuniões públicas transcritas em PDFs extensos, documentos pouco navegáveis ou a exiguidade de sistemas de pesquisa eficazes dificultam o escrutínio e a participação cívica. Compreender, por exemplo, o que foi determinado numa reunião de câmara ou seguir a atividade de um executivo municipal exige tempo, paciência e, não raras vezes, literacia jurídica ou técnica.
A evolução dos modelos de IA nos últimos anos, sobretudo desde o lançamento do ChatGPT em 2022, reforça o potencial destas tecnologias no aproximação à informação. Na Universidade da Beirada Interno (UBI), um projeto de investigação em curso (Citilink, https://citilink.inesctec.pt/), desenvolvido em colaboração com a Universidade do Porto e o INESC TEC, e que integra parceiros uma vez que as Câmaras Municipais da Covilhã e do Fundão – entre outras, uma vez que Guimarães, Campo Maior, Alandroal e Porto – está a explorar precisamente o potencial da IA para reduzir barreiras no aproximação à informação e aproximar os cidadãos do poder lugar.
Não se trata de substituir pessoas por máquinas, mas de recorrer à IA, nomeadamente ao processamento de linguagem procedente, para organizar, somar e tornar mais conseguível a informação já existente, facilitando o aproximação dos cidadãos às decisões autárquicas. O que está em motivo não se limita à modernização administrativa, mas à capacidade de transformar o conhecimento gerado nas universidades e centros de investigação em soluções concretas para a vida pública, promovendo maior transparência, melhor aproximação à informação e um envolvimento cívico mais informado.
Democratizar o aproximação aos dados é, neste contexto, um passo fundamental para uma democracia mais participativa, garantindo que as decisões públicas não fiquem unicamente disponíveis, mas verdadeiramente acessíveis, compreensíveis e sujeitas a escrutínio. É precisamente para isso que a tecnologia deve servir, para estar ao lado dos cidadãos. A partir dos territórios e com os territórios.
O teor Democracia com dados: como a IA pode aproximar os cidadãos do poder local aparece primeiro em Jornal Notícias da Covilhã.
