Do Fundão para o palco do Festival da Canção
4 min readInspirado pela vontade da Serra da Gardunha, onde gravou o vídeo que acompanha o seu primeiro tema de originais, o cantor e compositor Xico Gaiato, de 21 anos, é o primeiro artista a subir ao palco na noite de sábado na primeira semifinal do Festival da Cantiga.
“Ai senhor” foi escolhida entre mais de 600 propostas recebidas pela RTP e está repleta de referências às origens de Francisco Barata, que no último verão se apresentou pela primeira vez em concerto, na Moedura, uma vez que Xico Gaiato.
Fruto do ator e músico José Alexandre Barata, e com um trajectória ligado às artes, o cantor iniciou a formação músico na Ateneu de Música e Dança do Fundão e encontra-se a estudar Quina Lírico na Escola Superior de Música, em Lisboa, enquanto prepara o primeiro álbum, com lançamento previsto para levante ano, uma mistura de sonoridades onde não faltam os beirões zabumba, pífaro ou o adufe.
Em 2022 o artista participou no programa de televisão The Voice, mas o Festival da Cantiga, com final marcada para 8 de março, vai ser a rampa de lançamento da novidade identidade do fundanense Xico Gaiato.
Quem é o Xico Gaiato?
Xico Gaiato é um ser sobre o qual os véus desaparecem, e se houver um que se mantenha, diria que é o da sinceridade. Um ser muito terrestre, mas que ao mesmo tempo está em estável mutação. Tenho muita urgência de perfurar a mente de outros, sendo um dos meus grandes objetivos enquanto artista, e fazê-lo a partir de frustrações que sinto, é uma junção que me deixa muito curioso.
Que marcas do Fundão e da Borda podem ser percebidas na música que compôs e que vai interpretar dia 22 no Festival da Cantiga?
Do início ao término, “Ai Senhor!” tem a presença estável de bombos e adufes, e ainda tem outros elementos que criam mais textura à própria música, uma vez que os chocalhos e o pífaro. O tema está muito ligado à vontade que a Serra da Gardunha me transmite, um pouco muito místico e que está além de nós. Ou por outra, ligo-me muito também à história da Tomada do Carvalhal, esta que me deu uma visão novidade do zabumba e do poder beirão.
“Ai Senhor!” é uma das três músicas escolhidas entre 633 por livre submissão. Por que acha que sobressaiu entre tantas?
É difícil para mim, porque ainda parece surreal! Mas acredito que seja pelo poder que a música passa, pela sua letra, por ser da Borda Interno, e também pela música ser muito dissemelhante do que estamos acostumados a ouvir.
O que é que as pessoas podem esperar da apresentação no Festival da Cantiga? As raízes vão estar presentes?
Sabor sempre de ter os pés na terreno e isso é um pouco que não vai tombar no esquecimento. As raízes vão estar sempre comigo e estarão sempre presentes.
Uma vez que é que se dá a mudança do Francisco Barata em Xico Gaiato?
Esta mudança acontece quando me ponho neste lugar. Parece que a teatralidade se funde com a veras, e dá para ser tudo o que eu quiser, sendo que essa fusão me faz sentir livre e empoderado. Normalmente acontece momentos antes de pisar o palco.
Porquê o nome Xico Gaiato?
Xico já era muito simples para mim, mas senti uma urgência de ter um pouco mais, além do sobrenome, no meu nome artístico. Nesta procura, lembrei-me de memórias em pequeno e de ouvir histórias contadas por pessoas próximas em que usavam muito a vocábulo “gaiato” para se referirem os rapazes e raparigas mais jovens, mais “pirralhos”. E com o encontro desta vocábulo tudo me fez sentido, pois é uma também uma referência direta à divindade grega Gaia, Mãe-Terreno. Vejo esta referência uma vez que uma espírito puro, e que consegue ter uma imaginação mais livre, e isso, só em si, já é mais livre naturalmente.
Vai lançar o primeiro álbum levante ano. Que sonoridade e estética têm esse disco?
Levante álbum vai ter muito presente esta mistura que já apresento neste primeiro tema. Posso proferir que será uma mistura das sonoridades beirãs, com o pop eletrónico, ‘tradfolk’ e ainda alguns estilos mais experimentais.
O teor Do Fundão para o palco do Festival da Canção aparece primeiro em Jornal Notícias da Covilhã.
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