Luís Seguro: o penamacorense que faz anos no 25 de Abril
3 min readFazer anos no dia 25 de Abril tem um significado peculiar?
Evidente que sim. Transmite-me um sentimento de liberdade, que é a melhor conquista da revolução. Até 2005 era comemorado num misto de família e em atividades político-sociais, alusivas à data. Atualmente, e desde essa data, é comemorado em família, que é o suporte mais digno e fidedigno da vida.
Onde estava no dia da revolução?
Estava a estudar em Torres Novas. A celebração dos 20 anos era uma data marcante na vida. Nessa quadra, marcava o início do Serviço Militar Obrigatório e a mais do que provável ida para a Guerra no Ultramar. O natalício, o único fora de Penamacor, acabou por permanecer em segundo projecto e foi um misto de alegria e incerteza, por não saber qual era o rumo do golpe de estado em curso. Mas uma certeza tinha: era de que zero ficaria porquê antes e, ouvindo o Rádio Clube Português, fui ficando mais tranquilo. Com o meu pai falei telefonicamente.
Em Penamacor, lugar periférico, o jovem Luís notava de alguma forma o peso da vexame na sociedade?
O meu pai, que acabaria por ter um papel importante na instalação da democracia em Penamacor, tinha um moca na rossio medial da vila, um dos pontos de encontro de oposicionistas nos anos que antecederam a revolução e algumas pessoas das “forças vivas”. O convívio com eles ia-me fornecendo informações de que na verdade Portugal era pobre, iletrado e retardado. O 25 de Abril deu lugar a um país mais moderno e integrado na Europa, passando a olhar com grande esperança para o porvir.
A Companhia Disciplinar foi um ponto de passagem para muitos presos políticos. Existia essa consciência na comunidade?
O grande motor económico-social era a 1.ª Companhia Disciplinar, com muro de 500 militares fixos, para onde eram desterrados aqueles que contrariavam o regime, entre outros. Eles tinham a liberdade de circularem em Penamacor, contactando com os residentes, apesar de apertada vigilância. Alguns chegaram a dar aulas no Externato de Penamacor. Um dos amargos do novo regime foi o seu fecho, em 1977, pois era o principal motor de desenvolvimento económico-social do concelho.
Que portas Abril abriu em Penamacor e o que está por executar no seu concelho?
Políticas de fixação de pessoas são necessárias e urgentes. Assisto desde há muito, seja qual for o Governo ou autarcas em funções, que as promessas se repetem, os discursos ganham outra roupas sobre a valorização do interno, mas, na prática, zero ou muito pouco se faz. Veja-se a retirada de valências, serviços públicos e balcões em Penamacor, sem qualquer movimento de quem nos representa. Precisamos da iniciativa privada porquê geradora de tarefa e precisamos também de formação nas vertentes técnicas, para que os nossos jovens se possam qualificar no tarefa lugar. É necessária a reabertura do ensino técnico-profissional.
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