O SOPRO
3 min readO primeiro-ministro quer um jornalismo tranquilo. Se provável que não chateie muito. De preferência que não faça perguntas. Lá está, torna-se enfadado ter de responder, olhar para a esquerda, ah… perdão, olhar para a direita, e só ver câmeras de televisão apontadas
a si mesmo. Calma, senhor Presidente do Recomendação, não são G-3´s, é somente a rapaziada que vai consigo para todo o lado, e de quando em vez gosta de meter conversa. Num tom mais informal simples, para evitar o tão maçudo e habitual oração institucional. Aliás, quem hoje o seguir com atenção, perceberá que o doutor Luís está em todo lado, com a prelecção muito estudada. Eu sei, “se assim é – pensará o senhor primeiro-ministro – por que fardo d´chuva quererá o povo que me façam perguntas”?! Lembro-me tão muito. Porquê se fosse hoje. A ingressão fulgurante de Almerindo Marques, levado pela mão por Morais Sarmento, o ministro do Projecto. Do projecto de devastação da RTP. E se muito o pensaram, melhor o fizeram. Bom, não se pode expressar que a televisão pública não exista, porque se assim fosse o governo não a quereria para zero. Existe pouco, vamos lá, mas o suficiente para que mais uma vez lhe queiram deitar a mão. É isto.
E isto não é zero contra o partido que sustenta o governo, é contra esta preocupação pelo controlo da informação, pela tamanha vontade de gerar o Serviço Governamental de Televisão, embrulhada na teoria de uma melhor prestação pública. Não bate evidente. Do mesmo modo reforça, por via das empresas, o bolo publicitário a partilhar pelos canais privados, abrindo caminho para a irrelevância da RTP, para a sua pouquidade. A Impresa tem umas quantas SIC´s, A Media Capital, dona da TVI, vai pelo mesmo caminho, e o grupo Media Livre, ambiciona, ainda que de forma mais popularucha, ser porquê eles. Todos juntos pensaram “O Porvir dos Media”, e chamaram o líder do governo de Portugal para lhes ler o pensamento. Acertaram na muche. Aí está de novo um projecto. Mas desta vez traz um brinde generoso, porquê se fosse um bolo-rei da Pastelaria Visconde de Coimbra. Os brindes dos bolos-rei já não são os mesmos, e os planos não são tão ingénuos assim. Sabe uma coisa? Vou soprar-lhe ao ouvido, porque julgo que se mune de um auricular; uma boa RTP faz muita falta. É isso, uma boa RTP. Elegante, poderoso, dinâmica e criativa. Não é da sua morte nem da sua privatização que precisamos. Bom, quanto às críticas aos jornalistas… é verdade, ficamos um pouco amuados, mas escolheu mal os exemplos. Até posso perceber a teoria de que muitos não honram a profissão, alguns até andam por aí, por esses gabinetes, mas caramba, olhe que o senhor também revelou qualquer ignorância, e não é por aí que lá vamos.
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