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“Os espaços da memória que faltam na Covilhã” - Mundo News
21 de Novembro, 2024

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“Os espaços da memória que faltam na Covilhã”

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  TRIBUTO A PINTO PIRES NOTA:  O NC recupera, nesta edição, um texto de fevereiro de 2022 do seu colaborador, durante 40 anos, António Pinto Pires....

TRIBUTO A PINTO PIRES

NOTA:  O NC recupera, nesta edição, um texto de fevereiro de 2022 do seu colaborador, durante 40 anos, António Pinto Pires. Que nos deixou há uma semana detrás. Obrigado professor!

As redes sociais têm proporcionado aos seus utentes um manente reavivar da(s) memória(s), se quisermos, quais viagens no tempo, ou de uma vez que reviver o pretérito. Não obstante quando idilicamente classificamos o pretérito uma vez que o melhor da vida uma vez que se “naquele tempo é que era bom…”.

A memória humana tem essa caraterística de muitas vezes seriar e expulsar o que de mais negativo existiu, conduzindo a um visível saudosismo, sendo profíquo não olvidar, na Covilhã, uma vez que em muitos outros lugares, terem existido inúmeros exemplos de muito sofrimento humano, tempos de enormes contrastes, provavelmente hoje impensáveis. Para tal, basta ler a “Pelo e a Neve” de Ferreira de Castro, ou a “Covilhã do Trabalho”, de Elias da Costa, citando exclusivamente estes exemplos.

Os museus / espaços de memória, têm essa caraterística de plasmar um tempo pretérito, estabelecer cronologias, fazer um retrato diacrónico de tempos diversos. O recentíssimo Museu da Covilhã enquadra-se nessa novidade manante museológica, com grande suporte visual e tecnológico, procurando “sumariar” séculos de história, correndo sempre um risco inevitável, a preterição de muitas realidades, marcos importantes na formulação da identidade deste território, Covilhã e sua envolvência. Basta olhar para o seu “Alfoz” para se perceber a dimensão territorial, sem omitir o social.

Se entrarmos por oriente caminho, do social, não basta referir o quantitativo das unidades fabris havidas, mas sobretudo perceber o porquê da sua génese, acrescendo a questão dos movimentos operários, do sindicalismo (ainda), do mutualismo com um historial fabuloso (ainda), a própria génese e trajectória do(s) patronato(s), das ousadias que o caracterizaram, e por aí adiante.

No campo da arqueologia, o tema não se esgota em simples abordagens, não se podendo quedar por um retrato breve de alguns vestígios existentes, mas perceber sobretudo um tempo pré-histórico culminando na romanização, ainda com fortes indícios. Alguma inércia, neste campo, justifica o estado deprimente em que muito espólio pétreo da “Levada Juliana”, ainda se encontra, há décadas, ora num jardim aos elementos, ora numa garagem amontoado. E não devia. No manifestar de Jorge Alarcão, a Covilhã possuía uma das melhores coleções de mós da península.

A história da cidade e seu território tem muitas vertentes que reclamam aprofundamento e conhecimento, tais uma vez que o ensino, do técnico ao politécnico; a memória dos bombeiros numa cidade que sempre coexistiu com o maravilha dos fogos; a valia do cinema e da retrato; a dicotomia da paisagem rústico e urbana, os movimentos migratórios; as vias de informação; o trajeto da saúde (ainda); o ostracizado ex-centro de saúde mental poderia assumir um supimpa papel de relevo, até pela sua localização; um sem término de temáticas que reclamam a tal abordagem diacrónica felizmente plasmada em muitas obras escritas mas que importava visualizar.

Convém recordar que já muito se “teceu” e se andou, acabando por tombar em saco roto, o que é de lamentar. Mas ainda a tempo de recuperação.

Os espaços de memória, se os entendermos uma vez que laboratórios do conhecimento, do saber e da experiência, assumem essa função. Agora que nos reclamamos Cidade da Unesco, pode ser o momento ideal para se pensar e projetar um projeto dessa dimensão. Espaços são coisa que não falta nesta cidade, uma urbe remontando às origens da nacionalidade, se proclamou da pelo e da neve, almejando o saber e a ciência. Quando já temos uma universidade.

Muita da paisagem fabril ao desistência podia, neste contexto, reassumir um papel determinante e de enaltecimento. Bastaria limpar e dignificar alguns desses espaços restituindo-lhes a pundonor merecida. Seria de uma venustidade incomparável e revivida.

Nascente: https://noticiasdacovilha.pt/os-espacos-da-memoria-que-faltam-na-covilha/

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