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Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG) - Mundo News
14 de Julho, 2025

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Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG)

11 min read
Episódios envolveriam violência sexual, assédio moral e exploração financeira...

Ao menos cinco pessoas acusam os líderes do Nzo Jindanji Kuna Nkosi, terreiro de candomblé, em Belo Horizonte (MG), de assédio moral, violências e até estupro. Os casos teriam ocorrido a partir de 2020. Os relatos ouvidos pela Escritório Pública incluem episódios de violência religiosa e psicológica, moral, sexual e exploração financeira. Algumas das vítimas formalizaram denúncias contra a instituição no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que instaurou um procedimento ainda em curso.

As acusações recaem sobre Márcio Eustáquio Antunes de Souza, publicado no terreiro uma vez que Tata Kamus’ende e seu fruto Gabriel Lemos Antunes de Souza, o Tata Kilunji. Ambos são líderes no terreiro e no conjunto Afoxé Bandarerê, tradicional no carnaval de Belo Horizonte.

Anna Sant’Ana, crítico de informação de 25 anos, diz ter sido estuprada por Gabriel, seu logo namorado, em 2019. Um boletim de ocorrência foi registrado por ela em abril de 2025 e medida protetiva foi concedida.

Por que isso importa

  • Relatos ouvidos pela reportagem apontam violências que teriam sido cometidas por lideranças do terreiro de candomblé Nzo Jindanji Kuna Nkosi, na capital mineira.
  • O Ministério Público de Minas Gerais investiga as denúncias.

Anna disse à Pública que comunicou à mãe de santo do terreiro o que tinha ocorrido. A matriarca e diretora litúrgica, Angela Maria Miguel, religiosamente conhecida uma vez que Nengua Monasanje, teria respondido: “Você precisa pensar muito se quer mesmo permanecer cá, porque o candomblé é o mundo e não se tira ninguém do mundo. Eu não tenho poder de tirar o Gabriel.”

Mesmo assim ela decidiu continuar frequentando o terreiro, por motivações religiosas. Durante os 21 dias de recolhimento da sua iniciação, em julho de 2021, conta que foi “obrigada a conviver diariamente com o meu atacante. “Fui forçada a permanecer ao lado dele num momento que deveria ser o mais sagrado da minha vida foi outra violência”, diz.

A convívio com Gabriel trouxe danos emocionais e psicológicos, segundo ela. Durante uma reza de natalício dele, Anna teve uma crise de impaciência. “Entrei em desespero e comecei a chorar muito”. O pai de Gabriel, Márcio Eustáquio, teria dito a ela: “eu te prometo que você não vai tolerar mais nenhuma violência cá, a partir de hoje você não precisa nem tomar benção dele”. Anna entendeu que ele reconhecia a sisudez da sua denunciação, já que Gabriel era Xikaringoma, um sacerdote músico.

Ela esperava que as coisas melhorassem em seguida sua “obrigação de um ano”, um rito anual de renovação, mas conviver com Gabriel a fazia tolerar. “Eu entendi que o que me adoecia era a convívio com ele e ver que eu continuaria sofrendo calada e ele sendo respeitado por todos, acobertado pelo pai”, disse.

Em dezembro de 2022, ela conta que se afastou do terreiro por adoecimento físico e psicológico. Disse que a mãe de santo Monasanje a cobrou para “satisfazer sua obrigação de estar dentro do terreiro, senão seria punida pelo Santo”, mesmo que isso causasse desconforto ou crises.

Para Anna, a liderança do lugar foi “lacuna em diversos sentidos”. “Lá só tinha espaço para o meu estuprador, para mim e para o meu santo não. Não é que não se tira ninguém do mundo [religioso], a vítima pode ser tirada sim, o estuprador não.”

O caso dela está sendo investigado pela Polícia Social de Minas Gerais, segundo nota do órgão, na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, com medida protetiva de urgência para a vítima requerida e outras diligências em curso.

Gabriel não respondeu aos questionamentos da reportagem. O espaço segue simples para sua sintoma. Márcio e a mãe de santo Nengua Monasanje negaram as acusações (leia as respostas deles aquém).

A iniciação e o desencanto

Juçara*, publicitária de 30 anos, que prefere não ser identificada, ingressou no terreiro em 2018. Ela afirma que, durante o recolhimento da iniciação, vivenciou situações de controle e humilhação. “Teve um momento em que mandaram eu ingerir um líquido de um copo, de olhos fechados. Dois dias depois, ainda no roncó [espaço sagrado e reservado onde os iniciados permanecem isolados durante o ritual], o Márcio gritou: “Se fosse um pinto, você teria simples a boca sem pestanejar!”, relata.

Márcio se define uma vez que Tata Kamus’ende, título litúrgico que indica uma função de suporte direto à liderança místico, sendo facilitar da Nengua Monasanje e participando da instauração do terreiro. Sua função, portanto, é tanto místico quanto administrativa, sempre submetida à mando religiosa que preside a mansão.

Juçara descreve um sistema de “meritocracia”, onde para participar era preciso “provar o nosso valor”. No cotidiano, diz que era repreendida com gritos e xingamentos, principalmente por segmento de Márcio. “Quando eu errava ou tinha incerteza, o Márcio berrava: ‘você quer foder meu candomblé’. Depois ficava dias me tratando com hostilidade, me excluía de obrigações importantes e me expunha ao vexame.”

Ela também conta que foi publicamente humilhada por sua taxa financeira. “Márcio começou a expressar que era um paradoxal eu remunerar o valor mínimo da mensalidade, na frente de todo mundo, com o intuito de me estuprar”.

A tensão emocional teria levado a crises de impaciência. “Tive que estrear a tomar medicação para poder estar ali minimamente sã”. Juçara conta que também testemunhou um incidente de violência física em que Márcio agrediu um jovem bissexual em transe: “No recolhimento, o Márcio batia no erê [entidade espiritual infantil] dele com uma vareta, dizendo que ele tinha que ‘dançar que nem varão’. Ele saiu referto de marcas, e a mãe de santo viu tudo e não disse zero”, disse.

Ela conta ainda que, em dezembro de 2022, Márcio a teria ameaçado. “Desse jeito o candomblé vai permanecer pequeno pra gente, e você sabe que se alguém tiver que transpor, esse alguém é você”, teria dito a ela. “Eu fiquei muito fragilizada emocionalmente. Me sentia perdida, sem ter um lugar para cuidar do meu místico. Com pânico, paranoica, achando que iam fazer um pouco contra mim no sentido místico”, contou.

Ela também acusa a mãe de santo Nengua Monasanje de preterição e conivência. “Mesmo presenciando diversas situações de agressão verbal e humilhações, nunca tomou uma posição firme”, diz.

Exploração financeira

Dalila da Silva Rodrigues, produtora cultural de 36 anos, ex-companheira de Márcio e integrante do terreiro entre 2018 e 2022, afirma ter sofrido agressões físicas e psicológicas do líder religioso. Em abril de 2025, ela protocolou uma denúncia formal contra o ex-companheiro no MPMG, junto à 18ª Promotoria de Direitos Humanos. O procedimento segue em apuração.

À Pública, Dalila contou que trabalhou por anos sem remuneração em projetos de Márcio, uma vez que o Afoxé Bandarerê e a Liga das Escolas de Samba de Minas Gerais. “Nesta instituição [Liga das Escolas de Samba], recebi por um projeto que foi confirmado, mas os demais não”, afirmou. Ela atuava uma vez que redatora, produtora e gestora.

“Abandonei meu tarefa CLT em seguida insistência de Márcio, que me convenceu a furar uma produtora com ele e que, desta forma, teria mais tempo livre para me destinar ao candomblé, prometendo que meu direcção era ser sucessora da matriarca do terreiro; por isso eu deveria me destinar integralmente para aprender”, declarou. Além da produção cultural, ela acumulava tarefas domésticas e suporte a atendimentos espirituais.

Soraia*, servidora pública de 35 anos, que também não quis se identificar, frequentou o terreiro entre 2020 e 2023. Em denúncia ao MPMG, ela relatou abusos psicológicos, morais e preterição de socorro. Em entrevista à Pública, contou que suas roupas de santo, pagas com recursos próprios, foram retidas, sob a alegado de que “pertenciam à mansão”. Ela tentou registrar um boletim de ocorrência, mas diz que foi “ridicularizada por uma delegada”, logo levou a denúncia para o Ministério Público.

Ela diz que teria sofrido um acidente e machucado o pé enquanto fazia atividades no terreiro, mas foi ignorada pelos líderes: “Recebi o tratamento de silêncio e deboche do Márcio e de outros integrantes, não me deram nenhum suporte”. Ela relatou à reportagem que Márcio ainda a desestimulou a buscar atendimento médico, dizendo que transpor por conta de um ferimento era “um negligência com a espiritualidade, só porque eu tinha machucado o dedinho’”.

Ainda no terreiro, durante seu recolhimento, em dezembro de 2022, ela conta que teria sido impedida de tomar sua medicação psiquiátrica pelas lideranças, que ofereceram “chás naturais e até balinhas tic-tac”. Ela sofreu uma convulsão no terreiro, que teria sido testemunhada por mais de 15 pessoas, incluindo Márcio e a mãe de santo, sem qualquer providência.

“Comecei a tomar remédio antidepressivo e até hoje não consegui parar. Minha fé não acabou, mas nunca mais consegui ir a nenhum outro terreiro — e não pretendo fazer segmento de nenhuma outra mansão”, diz Soraia. Para ela, os líderes “sabem de tudo e não fazem zero para esclarecer; pelo contrário, querem acobertar todo o mal feito e desacreditar as vítimas”.

Controle psicológico e violência

Pedro*, ex-integrante que preferiu não se identificar, descreve o envolvente do terreiro uma vez que opressor, apesar do exposição inicial “hospitaleiro, com potente valorização da tradição e da legado avito”. “No início não era provável perceber com perspicuidade a intensidade das práticas abusivas e das diversas formas de violência presentes no lugar, mas foram se tornando mais visíveis e recorrentes ao longo do tempo”.

Pedro diz que Márcio, Gabriel e a mãe de santo exerciam “constantes práticas de pressão psicológica, com o objetivo de impedir que os membros desenvolvessem qualquer atividade externa que não estivesse relacionada diretamente ao terreiro”. Essa pressão se manifestava, segundo Pedro, por “reiterados episódios de violência verbal e moral, mormente direcionados às mulheres”. Ele relata que as lideranças masculinas frequentemente utilizavam termos depreciativos, referindo-se às mulheres uma vez que “porcas”, “desleixadas” e “indecentes”.

Ele relembra um incidente com uma integrante do terreiro que o marcou. “Ao ser xingada e humilhada de forma agressiva por Márcio, ela urinou nas próprias roupas devido à pressão”. Ele [Márcio] a chamava de burra, de porca, fazia questão de provar publicamente a falta de conhecimento ‘técnico’ do candomblé”.

Depois testemunhar esse e outros episódios de violência, ele decidiu deixar o terreiro.

Em resposta enviada à Escritório Pública, a mãe de santo Nengua Monasanje negou qualquer irregularidade. Em nota, ela disse: “nossa mansão é um ponto de guarida, formação místico e partilha. Foi fundada com dedicação, resistência e fé. Temos um compromisso inegociável com a ancestralidade e com a preservação de uma tradição milenar, forjada por um povo preto, periférico e historicamente marginalizado. Conflitos, incômodos ou afastamentos fazem segmento da vida de qualquer comunidade. Mas, na Nzo Jindanji Kuna Nkos’i, todos os processos são conduzidos com base na escuta ativa, no diálogo metódico e no saudação à liberdade de cada um. O processo iniciático em nossa mansão é voluntário. Existem registros formais, inclusive assinados em cartório, nos quais cada pessoa declara, livremente, seu libido de participar da tradição. O sigilo não é ocultamento. É fundamento sagrado de transmissão e preservação. A mansão permanece ocasião ao diálogo, à escuta e à reparação quando necessária. Mas também permanece firme na resguardo de sua história, de sua ritual e da sua honra.”

Márcio também negou as acusações. Ele argumentou que “o candomblé é uma religião avito, com ritos milenares que não operam no improviso”, e que “durante os períodos de iniciação e recolhimento – que são profundamente importantes para o aprofundamento místico – existem sim preceitos que precisam ser seguidos”. No entanto, ele afirmou que esses preceitos são “amplamente conhecidos e de livre roboração”, e que “não impôs qualquer regra que não estivesse fundamentada em nossa tradição ou que ferisse a integridade individual de quem quer que seja”.

Por e-mail, Márcio negou ter se beneficiado indevidamente de recursos de membros ou manipulado pessoas para obter vantagens. “Minha vida financeira é independente e pautada na lisura”, negando “qualquer subordinação financeira minha em relação a quem quer que seja da comunidade religiosa”. Ele afirmou ainda que “o envolvente no terreiro é de saudação reciprocamente, guarida e estágio”.

Em relação ao retraimento das vítimas do terreiro, Márcio afirmou: “Não houve, à idade, qualquer solicitação de escuta, mediação ou responsabilização por segmento dos que hoje denunciam. Reafirmo meu compromisso com a verdade, a justiça e a integridade do candomblé. Sou um varão preto que usou sua posição para erguer, alojar e proteger.”

Das teias da fé à esfera pública

Em 23 de maio de 2025, o Ministério Público de Minas Gerais instaurou um inquérito que investiga possíveis atos de improbidade administrativa e crimes correlatos na realização do projeto cultural “Esquenta Avenida”, evento promovido pela Liga das Escolas de Samba de Minas Gerais, em parceria com o Governo de Minas e a Cemig. A apuração aponta indícios de ramal de recursos públicos, fraudes documentais, devassidão, lavagem de verba e envolvimento de agentes públicos e privados. O caso permanece simples.

Em fevereiro de 2025, um projeto de lei na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), apresentado pela deputada Beatriz Cerqueira (PT), propunha o “reconhecimento da Associação Sociocultural Nzo Jindanji Kuna Nkos’i uma vez que de relevante interesse cultural e patrimônio intáctil do Estado de Minas Gerais”. Vítimas e ex-membros reagiram, considerando a honraria incabível diante das denúncias.

A mobilização surtiu efeito: em 26 de fevereiro de 2025, em seguida pressão popular e votação em plenário, a deputada retirou o projeto de lei.

Em 27 de fevereiro de 2025, o bloco Afoxé Bandarerê comunicou publicamente o desligamento de Gabriel de todas as suas atividades. Márcio, além de sua relação com a Liga das Escolas de Samba e a Belotur, respondeu a processo judicial por suposta falsidade ideológica. A ação tramitou na 21ª Vara Cível de Belo Horizonte (2002-2013), sendo arquivada por “récipe da pretensão punitiva retroativa”.

Isso significa que, mesmo com denúncia, o recta do Estado de punir o criminado por falsidade ideológica encerrou-se devido ao tempo decorrido entre o recebimento da denúncia e a sentença condenatória.

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