Belmonte: feira medieval agradou mais este ano
4 min readA Belmonte Medieval é já “um marco pátrio nas feiras que existem no País” e uma iniciativa importante para a economia sítio. “Fica bastante numerário em Belmonte, todos os anos, o que acho importante quer para as pessoas de cá, quer para quem cá vem”. Quem o diz é o presidente da Câmara, António Dias Rocha, daquela que foi a última feira na qual esteve avante da autonomia. Nesta 20ª edição, o torneio teve entradas pagas, em todo o lado (e não unicamente em segmento do Núcleo Histórico, uma vez que no ano pretérito), uma opção que, segundo os feirantes ouvidos pelo NC, se revelou acertada.
De facto, no ano pretérito houve quem se queixasse de ter zonas pagas que contaram com pouca animação, e outras, gratuitas, que tiveram mais. E que, por isso, reclamava paridade de tratamento. Levante ano, com o fecho integral da zona do forte, foi igual para todos. Mauro Neves, padeiro e pasteleiro, que vendeu pastéis de nata, bolas de Berlim e pães com chouriço, salienta que a animação pode melhorar, embora frise que, ao contrário do ano pretérito, o facto de ser igual para todos melhorou o torneio. “Está melhor em tudo. Há mais pessoas, mais selecionadas. Sendo a remunerar, houve gente que já não veio, mas isso acabou por selecionar público. Também há mais negócio. A animação, já no ano pretérito falhou e nascente ano também, embora haja uma ligeira melhoria”, frisa. Quem quisesse entrar nos quatro dias do torneio (entre quinta-feira e domingo) pagava seis euros, e a ingresso diária, custava dois. Uma aposta da organização, a missão da Câmara e Empresa Municipal, que é para manter. “Se queremos ter mais qualidade na feira, as pessoas têm que se habituar a suportar alguns dos custos destas iniciativas. Mas os preços são bastante acessíveis. É o meu último procuração, mas espero que a feira se mantenha, não por mais 20, mas por 200 anos” salienta Dias Rocha.
Durante os primeiros três dias, a concorrência de público foi grande, superior ao ano pretérito. Pelo menos, foi essa a sensação com que ficaram alguns feirantes, que estiveram em menor número. “Há muita gente, mas cá nesta zona (Pelourinho) houve pouca animação de rua, e a que houve, foram espetáculos repetidos. Era bom que pudéssemos ter a oportunidade de ver os que havia lá para cima (zona do Forte)” afirma Catarina Almeida, belmontense, 42 anos, que vende artigos de bijuteria e participa pela segunda vez. Já Olga Costa, 60 anos, professora, que traz artigos de madeira, com ilustração em pirogravura, que faz por hobby, afirma que estas iniciativas servem para fortalecer as relações entre as pessoas e, apesar de ser já a sua terceira presença consecutiva, garante que cada ano é “uma experiência novidade”. “Temos que agradecer a quem nos dá essa possibilidade. Levante ano, acho que apesar da feira ser paga, estou a ver muita gente a entrar. Se compram ou não, isso é outro tema. Mas sai sempre alguma coisa. Só o facto de estar, dialogar, e mostrar o que faço, para mim já é grato”, assegura.
De Avanca veio Diogo Marcelino, 34 anos, vender artigos em pele, que ele próprio produz. Apesar do calor a que não está habituado, garante que a opção de vir a Belmonte, pela primeira vez, foi acertada. “Acho fantástica a feira, o envolvente é espetacular, o único inconveniente é o calor, quase insuportável. Tirando isso, uma feira muito boa, com pessoal esplêndido, hospitaleiro, e que vale a pena toda a gente vir testar. Tem uma magia particularidade, muito própria” salienta. No que diz reverência a vendas, “não me posso queixar. Não é a melhor feira do mundo, nesse capítulo, mas tenho vendido o suficiente.” Por isso, voltar é libido. “Se me derem oportunidade, é uma feira para repetir durante muitos anos” garante.
Esperança da Glória, covilhanense, de 82 anos, que ainda produz artigos em tecido, bordados e rendas, participa no torneio há 20 anos, ou seja, desde a primeira edição. “Desde o primeiro que venho. Levante ano, talvez devido ao calor, tem havido menos pessoas, em próprio durante o dia. Os incêndios também acabaram por mexer” afirma, orgulhosa de ser ela ainda a fazer “tudo à mão”. Quanto ao negócio, “acabo sempre por vender alguma coisa, porque as pessoas já me conhecem e até há quem venha a pensar que eu cá estou” explica a artesã que o é por hobby “e por palato”.
Durante quatro dias, a animação de rua, os espetáculos medievais, os comes e bebes, e o artesanato atraíram muitos forasteiros, embora no domingo, face aos incêndios florestais que se registavam nos concelhos vizinhos do Sabugal, Guarda e Covilhã, durante a tarde houvesse menos gente, já que o firmamento era escuro, o fumo denso e o ar, a certa alturas, quase irrespirável. E foi sob uma autêntica chuva de cinzas que, à noite, o torneio fechou com o concerto coral dos The Gift, que atraiu muito público ao forte. A vocalista, Sónia Tavares, não deixou de lembrar o cenário que se vivia ali em volta e, na sua página, recordou a noite naquele monumento. “Rodeados por cinza que não parava de desabar, do fumo que teimava pairar e do pavor do laranja possante do lume ao fundo. A música curou-nos a tristeza que pairava em todos. Vivenda enxurrada, que escolheu a música para sarar feridas. Obrigado Belmonte” escreveu a líder da orquestra pop de Alcobaça.
O teor Belmonte: feira medieval agradou mais este ano aparece primeiro em Jornal Notícias da Covilhã.
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